Economia Titulo Telefonia
Operadoras reduzem
números de orelhões

Empresas alegam prejuízo para manter telefones
públicos; aumento de celulares contribui para cenário

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
28/07/2013 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


Há aproximadamente dez anos, a população dependia de um telefone público para fazer qualquer ligação quando estava fora de casa. Mas, essa realidade mudou. Hoje, os orelhões estão sendo esquecidos pelos consumidores e, com isso, as operadoras aproveitam para diminuir o número de aparelhos disponíveis.

De acordo com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o Grande ABC possui 11.568 telefones públicos, porém esse número já chegou a 15.336, em 2009. A diminuição começou drasticamente em 2012, quando a região passou a ter 12,7 mil.

Em relação aos números de cada cidade, a diferença também é grande em relação aos anos anteriores. São Bernardo, que hoje possui por volta de 3.000 unidades, já chegou a ter 4.298 em 2009. Diadema, que em 2007 tinha 2.454 orelhões, hoje tem 1.796.

Segundo especialistas, a diminuição desses aparelhos acontece desde que os planos das operadoras de celular foram popularizados. De acordo com o presidente da Telebrasil (Associação Brasileira de Telecomunicações), Eduardo Levi, os próprios telefones fixos também têm sua parcela de culpa nesse cenário. “A redução de aparelhos públicos está acontecendo no mundo inteiro. Além do celular, na década de 1970 e 1980, poucas pessoas tinham telefone fixo e precisavam, muitas vezes, sair de casa para fazer uma ligação, hoje isso mudou”, afirmou.

AS EMPRESAS - Para o presidente da consultoria especializada em telecomunicação Teleco, Eduardo Tude, os aparelhos públicos prejudicam o lucro das grandes empresas. “Anteriormente, a receita líquida mensal, em termos brutos por orelhão, podia chegar a aproximadamente R$ 70 a R$ 80. Em 2012, segundo informações das empresas, esse número caiu para média mensal de R$ 8,09 por aparelho”, afirmou.

Ainda de acordo com Tude, o dinheiro não é suficiente para a manutenção dos telefones. “É uma despesa muito grande, inclusive com o vandalismo que ocorre. As empresas acabam mantendo a operação que dá prejuízo”, disse.

Apesar do cenário, Levi, presidente da Telebrasil, não acredita na extinção dos telefones públicos. “A Anatel determina no contrato de renovação das concessões dessas empresas a quantidade de aparelhos. E ele sempre vai ter um papel a cumprir. Há projetos para, ao invés de apenas fazer chamadas, eles funcionem como um ponto de internet wi-fi”

OS CONSUMIDORES - Em relação aos telefones públicos localizados no Centro das sete cidades, a equipe do Diário constatou que eles são poucos usados. Em frente ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) de São Bernardo, por aproximadamente uma hora em que nossa equipe permaneceu no local, nenhum dos três orelhões foi utilizado.

De acordo com a telefonista Ivone Adelino Ferreira, que também faz panfletagem na mesma calçada do órgão há três meses, os aparelhos nunca são usados. “Ninguém usa esses telefones aqui, porque hoje em dia, você vê, todo mundo tem um celular e, até mesmo quem não tem, pega emprestado de outra pessoa.”

Quando os telefones públicos são utilizados, é sempre em caráter de urgência e na falta de um celular. Foi isso que aconteceu no caso da microempreendedora Ariane Almeida Lima. “Quase nunca uso, fiz essa ligação agora só porque eu estava sem créditos no celular e tinha um cartão telefônico na bolsa.”

O promotor de vendas Valmir Junior também chamou a atenção para a conservação dos aparelhos. “Normalmente, estão em péssimas condições, às vezes é uma tecla que não funciona. E eu falo isso porque estou sempre usando esses telefones, já que eu estou sem aparelho de celular”, declarou.

Porém, a aposentada Maria de Lourdes Batista não abre mão dos aparelhos públicos, mesmo podendo utilizar seu celular ou telefone fixo. Quando ela sai de casa prefere usar o orelhão. “Sou muito esquecida, e às vezes deixo o celular em casa, mas o meu cartão telefônico nunca sai da bolsa. Além do que, eu acho mais econômico também fazer ligações do orelhão”, justificou.

 

 

 

 

 

 




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