É... parece mesmo que o futebol voltou a encher os lares com a alegria verde e amarela sempre sonhada em cada campeonato que envolve o selecionado canarinho. É chato ter de admitir, mas nos últimos tempos o que andava meio amarelo era o sorriso do torcedor, por causa do desempenho nada eficiente dos homens que têm a complicada missão de tornar felizes milhões de corações desta pátria varonil com seu esporte bretão. Claro que estímulo para que se dediquem mais ao trabalho nunca lhes faltou. Tema sempre presente nas rodas dos amantes do esporte.

Tudo indica, porém, que a partir de agora será diferente. Acertaram o pé na contratação do técnico que acertou na escalação e, pronto, volta a estufar a rede adversária e o peito torcedor!

Isso é bom! É de otimismo que esse povo precisa. Ano que vem tem Copa do Mundo, o mais importante certame que há de colocar o fabuloso reino tupinambá, sede do evento, nas telinhas de todo o globo. O sujeito fanático pelo futebol e mesmo aquele que não lhe dedica lá muito apreço, mas é sempre fisgado pelo sentimento patriota, aguardam com ansiedade o momento de ver o escrete nacional erguer a taça mais uma vez, a de número seis. Muitas seleções bem que tentam, mas consideram difícil pensar num Mercedes quando se tem um fusca na garagem.

Ainda bem que o meu País anda sempre no topo do pódio, com aquele ar de superioridade que o futebol lhe proporciona, a despeito das outras modalidades, que negam este olhar. É vencedor absoluto, por exemplo, no descaso com a educação de sua gente, imbatível quando se trata de negociatas na calada da noite, é também o que possui o crime mais organizado e com mais liberdade de expressão. Isso tudo dá uma canseira danada, e custa ver o pavilhão da minha terra tremular cheio de tristeza, verde de raiva com esses craques e suas jogadas escusas.

Agora o povo desta ilha de fantasia achou de se manifestar para armar a defesa contra novos ataques. Suspeito que tenha se esgotado a sua paciência. Há de se passear, pois, para que o preço da passagem caia, para que a PEC qualquer coisa não seja aprovada, para se fazer instaurar a vergonha na cara... muito justo. Só o protesto por causa da realização da Copa do Mundo em solo brasileiro é que me aborrece. O argumento apresentado diz respeito à gastança de dinheiro público para reforma e construção de estádios. Ora, se os governos daqui por séculos são patrocinadores contumazes da nobreza que esbanja, e muito, por que condenar um evento que pode até render algum dinheirinho, e ainda garantir outras pequenas vantagens? Afinal uma arrumadinha aqui, uma maquiagem ali, para deixar mais bonitas as cidades, logicamente que os donos da bola já pensam em fazer. Até porque, não se pode chutar para escanteio os gringos que contam com conforto que a sua grana deve pagar. Só não deve haver lá muito empenho para que eles voltem assim tão felizes.

É, pois, inconcebível que logo a pátria de chuteiras faça feio na realização do mais importante espetáculo futebolístico, e, por certo, muitos meios de campo têm colocado frente a frente pessoas muito bem pagas para tratar do assunto.