Cultura & Lazer Titulo Música
Verdade e transformação

Filipe Catto lança primeiro DVD e conta
que o palco é a essência da sua música

Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
01/07/2013 | 07:00
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Divulgação


Todos os caminhos que Filipe Catto toma o conduzem a uma mesma direção: o palco. É neste espaço, “cuspido e escarrado, de carne e osso, de muita verdade”, que ele promove, a seu ver, uma das partes que é das mais bonitas de sua profissão: a troca genuína, presencial. O gaúcho não virou nem a página do primeiro disco, agora chega com seu primeiro registro ao vivo, Entre Cabelos, Olhos & Furacões (Universal Music, preço médio R$ 22 o CD e R$ 30 o DVD).

“Gosto muito, dentro do meu trabalho, dessa sensação de estar no fio da navalha. Sinto uma exposição muito grande que para mim é como um vício”, diz Catto. “Sou artista de palco. Sinto que todo trabalho que vem em torno é derivado disso e para isso. Viajar de avião, dar entrevista, cuidar da saúde, tudo é para que eu esteja no palco. O encontro verdadeiro que é o mais importante de todos é o presencial”, completa.

Gravado em fevereiro no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo, o trabalho resgata canções do disco Fôlego, tem roteiro próximo do show homônimo, mas traz várias novidades. O ‘entre cabelos, olhos e furacões’, que veio emprestado de Ave de Prata, de Zé Ramalho, traduz para Catto o fluxo estabelecido em cena com todos os presentes. “Para mim, esse título traduz a sensação de giro, da movimentação que acontece entre público, banda, produção, técnicos e eu. É a metáfora do caos e da beleza que existe em estar ali.”

Mais essencial, despido de artifícios, o trabalho soa mais roqueiro. “Acho mais pesado e rock and roll do que Fôlego. Também sinto crueza maior e ao mesmo tempo mais espontaneidade. Acho que tudo isso parte da verdade. O registro de estúdio é de criação, desenvolvimento, enquanto que o ao vivo é de fato, é o que é.”

MUDANÇAS

Debruçado durante muito tempo sobre as mesmas canções, Catto, cujas interpretações são nitidamente diferentes umas das outras, conta que aprende sempre com o exercício de cantá-las, de forma que essa lida não o empapuçou. “Tudo foi orgânico. As mudanças acontecem e a gente vai vivendo, quando percebe, já mudou. Vejo que me ouvi trocar com compositores, trocar projetos, as próprias canções foram me ensinando muito da minha maneira de me expressar, foram me agregando. Meu lema é aproveitar encontros, aprendizados, para perceber em mim, buscar dentro as razões pelas quais a gente faz o que faz.”

Segundo ele, o roteiro do show trata um pouco sobre mudança. “Todas as músicas falam de uma pessoa em contato com o outro que vai se transformando e termina outra coisa. Tudo mudou e essa pessoa está renovada.”

Para ele, entre os temas presentes na obra, os que apontam mais para o seu futuro são composições como A Sós e Mergulho. Sem nada à vista, embora sempre inquieto, Catto sente que o momento é perfeito para troca entre os pares (no caso, o mar de jovens e talentosos músicos que surgiram no Brasil nos últimos anos). “Estou sempre inquieto, há momentos em que me dedico ao trabalho e outros em que estou no meu cantinho de compositor, fazendo meu bordado. Brinco que minha composição é isso. Quando sentir que existe necessidade de fazer algo, vou gravar”, diz.

“Há muita coisa bacana para ser gravada, mas vejo este momento como ideal para trocar com os artistas da minha geração, como Pélico, Bárbara Eugênia, Vinicius Calderoni, Léo Cavalcanti. Sou feliz, grato a Deus por Ele ter colocado toda essa galera ao mesmo tempo no mundo. Enquanto geração, estamos realizando algo muito bonito”, completa. 




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