O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), disse ontem que a presidente da República, Dilma Rousseff (PT), não deve liberar do governo federal a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, para ser a candidata petista à Prefeitura de Santo André no ano que vem, como se cogita.

"Dilma não liberará a Miriam do governo para eventualmente ser candidata a prefeita. Evidente que se for desejo dela e a presidente conseguir liberar, será uma ótima alternativa para o partido. Agora, eleição é eleição, você pode disputar e tanto ganhar como perder", avaliou Marinho, após entregar ao lado da ministra 224 unidades habitacionais no Conjunto Três Marias (leia mais na página 5 de Setecidades).

O chefe do Executivo são-bernardense ressaltou ainda que o PT andreense tem condições de chegar a um nome mesmo tirando Miriam Belchior do páreo. Atualmente, além da ministra, são cotados para ser candidato ao Paço de Santo André o ex-prefeito João Avamileno, o ex-deputado estadual Vanderlei Siraque e o deputado estadual Carlos Grana, dentre outros.

"Acho que o PT tem como resolver uma candidatura e deixar a Miriam no governo (...) Se eu fosse a presidente Dilma, não liberaria. Assim como o presidente lula tentou não me liberar. Mas aí eu tomei a decisão de me liberar. Depende muito também da decisão dela. Essa é só uma análise que faço", frisou Marinho, que deixou o governo federal em março de 2008, após comandar os ministérios do Trabalho (julho de 2005 a março de 2007) e da Previdência (março de 2007 a maio de 2008).

Ao analisar as situações de Miriam e a sua, o petista considera os momentos distintos do Palácio do Planalto. No seu caso, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava no segundo mandato, num governo com as diretrizes aprumadas. Já atual ministra está há cinco meses à frente da Pasta de Planejamento do primeiro ano de gestão de Dilma, e teria de se desligar até abril de 2012.

Miriam Belchior, por sua vez, esquivou-se de respostas com teor de definição. Indagada se contribui mais para o Grande ABC como ministra ou como prefeita de Santo André, foi tão sucinta quanto política. "Não sou eu que tenho de dizer isso, são as pessoas que têm de dizer onde eu ajudo mais."

A ministra disse ainda que tem vários desafios na vida e muita saudade de trabalhar em prefeitura. Foi secretária de Administração e Modernização da Prefeitura de Santo André de 1997 a 2000 e titular da Pasta de Inclusão Social e Habitação de 2001 a 2002. Em 2003, foi para o Planalto como assessora especial de gabinete de Lula e depois, até 2010, assumiu funções na Casa Civil.

"Estou muito orgulhosa de ser ministra. É muito trabalho, mas é uma honra enorme. No momento continuo esse trabalho que o presidente Lula começou", observou Miriam, ao ressaltar que o PT andreense está maduro para entrar em consenso sobre um nome e evitar as prévias. "Espero que isso aconteça."

COMPARAÇÕES

Durante os discursos proferidos no evento de entrega dos apartamentos do Conjunto Três Marias, não faltaram comparações da administração Luiz Marinho com a do antecessor, William Dib (PSDB), numa prévia do que deve ocorrer na eleição do ano que vem.

"Eles não entregaram mais dos que 3.200 unidades habitacionais em 26 anos. Nós temos 11 contratos que garantem 5.200 moradias para construir em cinco anos, fora as urbanizações", salientou Marinho.

"A Prefeitura de São Bernardo de hoje é diferente de uns tempos atrás. Nós corríamos atrás da administração para fazer obras. Hoje o Marinho está no nosso pé para pedir recursos", enfatizou o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda.