Política Titulo Pela primeira vez
São Caetano terá homem trans na disputa

Em território considerado conservador, Rafael Ensinas concorre como vice do Psol

Por Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
21/09/2020 | 00:01
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Nario Barbosa/DGABC


Pela primeira vez na história política da cidade, São Caetano verá um homem trans na corrida majoritária: Rafael Ensinas, 22 anos, foi escolhido como candidato a vice na chapa do Psol, que será novamente encabeçada pelo ex-vereador Horácio Neto.

Ensinas, estudante de direito, se filiou ao Psol em 2017. Ele conta que a escolha pelo seu nome partiu logo depois de Horácio Neto vencer as prévias do partido. “Veio até mim a possibilidade do meu nome e eu topei na hora. Tivemos algumas reuniões internas do partido e o meu nome foi confirmado para montar a chapa com Horácio. O que me deixou muito feliz. Acredito que a escolha do meu nome pelo partido mostra sua unidade e sua caraterística revolucionária, ao indicar uma pessoa jovem e representante das maiorias sociais invisibilizadas, o que me deixa muito orgulhoso”, comentou.

São Caetano é vista como uma cidade conservadora e avessa aos partidos de esquerda. Nas eleições de 2018, deu expressivos 75% de votos ao presidente Jair Bolsonaro, na disputa direta com Fernando Haddad (PT). É o único município do Grande ABC onde o petismo nunca conseguiu governar e, embora tenha participado de todas as disputas na cidade desde que foi criado, o Psol nunca conseguiu eleger sequer vereadores. A cidade também jamais conferiu vitória a uma mulher na eleição para a Prefeitura.

Ensinas reconhece a dificuldade, mas ressalta a importância de levantar a bandeira LGBT em território como São Caetano. “Furar essa bolha não é algo rápido nem fácil. Não é algo que se faz de quatro em quatro anos. Se faz com o que a gente chama de trabalho de formiguinha, ou seja, ocupando espaços políticos e construindo alternativas ao longo do tempo. Participar das eleições, seja nas majoritárias ou nas proporcionais, é um dos meios de furar a bolha, mas antes disso comemos muito arroz e feijão para que as candidaturas do Psol não sejam vazias e feitas de promessas em troca de favores como impera a política aqui de São Caetano”, frisou.

Embora tenha legitimidade para defender políticas públicas para comunidade LGBT, Ensinas destaca que sua contribuição na política partidária vai além. “A pauta LGBTQIA+ não é a única da qual eu ou qualquer pessoa LGBTQIA+ saiba falar e contribuir com propostas para a cidade. Acho importante ressaltar isso, pois um dos modos que o preconceito se mostra é justamente limitando o LGBT apenas à sua identidade de gênero ou sexualidade, como se ele não participasse e percebesse todos os outros setores da vida social, como saúde, educação e transporte, por exemplo”, explica. 




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