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Surgem os favoritos do Festival de Cinema de Berlim
Por Do Diário do Grande ABC
13/02/2000 | 18:10
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O Festival de Berlim já tem dois favoritos, embora possam aparecer surpresas nos próximos doze filmes. O filme americano do diretor inglês Anthony Minghella, O Talentoso Senhor Ripley, é o primeiro sério candidato ao Urso de Ouro de Berlim. E o ator Matt Damon tem quase certo o Urso de melhor interpretaçao. Ha três anos, Minghella ganhou, no mesmo festival de Berlim, o Urso de Ouro com o filme O Paciente Inglês.

O Talentoso Senhor Ripley é baseado num romance de suspense com o mesmo título em inglês (The Talented Mr. Ripley), da escritora americana radicada na Suíça, Patricia Highsmith (1921-1995). O francês René Clement já havia dirigido um filme, inspirado pelo mesmo livro, com Alain Delon e Rommy Schnyder, Plein Soleil (no Brasil, O Sol por Testemunha, mesmo título dado à traduçao do livro). Mas nao se trata, agora, de um "remake". O filme de Minghella se prende mais fielmente ao romance.

Pergunta: Na quarta saem os indicados para o Oscar. Qual sua expectativa?

Matt Damon - Todos estamos contentes com o filme, acho que nao seremos decepcionados.

Anthony Minghella - Como pai desse filme, posso dizer estar orgulhoso do trabalho feito pelos atores. Como aconteceu com O Paciente Inglês, espero que todos tenham uma recompensa. Será uma pena se nao for assim. Mas me lembro que O Paciente Inglês, depois de nove Oscars, no dia seguinte, era o mesmo. Os prêmios nao mudam em nada os filmes. Mas, para um diretor, um Oscar significa muitos milhoes para este novo filme.

Gwyneth Paltrow - Como serei uma das apresentadoras do Oscar este ano, espero poder entregar o de melhor ator a Matt Damon.

Pergunta - Como é fingir ser outra pessoa? (no filme, o personagem Ripley se faz passar por um amigo.)

Matt Damon - Bem, para Tom Ripley, de certa forma, foi tudo bem, mas o filme contém uma advertência sobre o que acontece quando se abandona sua própria identidade. Nao é buscando ser outra pessoa que se encontra paz interior e que se resolvem os problemas.

Pergunta - Já desejou ser outra pessoa, na vida real?

Matt Damon - Provavelmente, como muitos adolescentes dos EUA que sonham em ser atores ou esportistas célebres. Mas nunca desejei ser outra pessoa, sempre quis ser eu mesmo, embora as vezes com o talento de outros, como o de Marlon Brando.

Pergunta - Como se preparou para o papel de Tom Ripley?

Matt Damon - O diretor Minghella me deu o papel, cerca de nove meses antes das filmagens. Tive, portanto, tempo para me preparar. Eu precisei perder peso. Tive um encontro com Minghella em Toronto, no Canadá, onde discutimos como eu e Jude Law poderíamos ficar bem parecidos fisicamente. Tive de fazer regime, "jogging". Ao mesmo tempo, tive de me exercitar na maneira como se falava na época, nos anos 50, na classe alta.

Pergunta - Qual a relaçao desse filme com Plein Soleil, onde o ator é Alain Delon e o diretor, René Clement?

Minghella - Vi Plein Soleil, inspirado no mesmo romance, mas com outro título. O romance conta a experiência de jovens americanos na Europa, pois a Europa lhes dava muito mais liberdade, e o assassino nunca é punido. No filme francês, há a história de um homem que queria dinheiro do outro e, no fim, é apanhado. Havia, portanto, uma diferença. Decidi seguir o livro de uma maneira mais fiel.

Pergunta - O ator Matt Damon vê pontos de relaçao com o "ator" Tom Ripley?

Matt Damon - Sim, um dos desafios do meu papel era de interpretar Ripley tímido, alvo dos olhares, mas que nao poderia demonstrar ter se bloqueado. Eu, diante das câmeras, tinha de representar isso, porém tinha medo de que isso pudesse ser interpretado como má interpretaçao. Mas há outros pontos de contato - como Ripley também observo as pessoas, seus cacoetes, suas maneiras e, como Ripley, que nunca achava estar mentindo, mas sempre dizendo a verdade.

Pergunta - Como foi a adaptaçao do livro de Patricia Highsmith para o filme?

Minguella - Quando se quer adaptar um livro para o cinema, tem de se levar em conta que o cinema é um outro tipo de arte. No cinema americano sempre ha o aspecto moral, mas eu quis mostrar que isso pode acontecer com qualquer pessoa, embora tenha colocado uma advertência. As pessoas geralmente reconhecem tao pouco suas próprias qualidades, pois imaginam melhor a vida dos outros.

Pergunta - Pensou em Grace Kelly na composiçao do personagem Marge? Gwyneth Paltrow - É verdade, Grace Kelly é uma de minhas fontes de inspiraçao. Como eu queria ter o papel, vi muitos filmes de Grace Kelly e a observei com muita atençao.




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