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Trocar o Metrô pelo BRT é um retrocesso, diz Auricchio

Prefeito de São Caetano promete levar tema à Frente Nacional de Prefeitos

Por Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
05/04/2019 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


A manutenção do projeto que prevê a implantação da Linha 18-Bronze do Metrô para ligar o Grande ABC à Capital é amplamente defendida pelo vice-presidente em ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da FNP (Frente Nacional dos Prefeitos) e prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB). Para ele, a possível troca do modal pelo BRT (sigla em inglês para sistema de transporte rápido por ônibus) representa retrocesso financeiro e de tempo à região. A decisão sobre o tema é objeto de estudos e, conforme o governador do Estado, João Doria (PSDB), será divulgada em junho.

Ao Diário, Auricchio afirma que projetos como os do BRT ficaram “ultrapassados”. “Tenho acompanhado essa discussão sobre o grupo de estudos para ver se o modal deve contemplar a região ou ser modificado por corredor de ônibus, mas esse estudo já foi produzido pelo governo do Estado de São Paulo há cerca de dez anos. Eu inclusive participei. Não entendo o porquê desta discussão”, ressalta sobre a definição, à época, a respeito do monotrilho.

O prefeito de São Caetano promete levar a discussão à Frente Nacional dos Prefeitos. “Ainda neste mês, na próxima reunião ordinária, vou levar o assunto para a câmara técnica de infraestrutura e mobilidade discutir. Temos de olhar essa questão com urgência”, afirma.

Embora entenda a situação financeira do Estado – a dificuldade em obter financiamento para as desapropriações no traçado da Linha 18 é o principal impasse do projeto –, o prefeito de São Caetano defende a busca por outras alternativas de financiamento. “Se o governador está tendo dificuldades e não consegue cumprir a parte dele no contrato de PPP (Parceria Público-Privada assinada há quase cinco anos com o Consórcio Vem ABC), vamos estudar, rever agentes financeiros. Agora, vamos rasgar o contrato, jogar fora tudo que foi feito para trás já neste ponto em que estamos?”, questiona.

Ainda sobre o contrato assinado com o Consórcio Vem ABC, Auricchio lista desvantagens em possível rompimento. “Com todo o respeito que tenho às autoridades do Estado, realizar novo estudo é retrabalho e desperdício de recursos. O Estado vai se responsabilizar ao romper um contrato deste, que implica em valores atualizados perto de R$ 6 bilhões? Vamos dizer o que ao vencedor? Muito obrigado, até logo, mas vamos colocar ônibus aqui?”, indaga.

Para São Caetano, na visão do prefeito, o BRT é inviável. “Tenho a impressão de que o nosso atual governador ainda não debruçou sobre este assunto. Com todo o respeito que tenho pelo transporte sobre rodas, não tem sentido colocar, sobretudo em São Caetano, um funil, essa proposta de corredor de ônibus.” Em contrapartida, para ele não há dúvidas de que a construção da Linha 18-Bronze seja a melhor opção para região, principalmente por aumentar a capacidade do transporte, desde atendimento, rapidez e conforto, até mesmo visando economia e sustentabilidade. “(Com o BRT) Vamos andar na contramão. Instalar um corredor de ônibus é andar para trás. O Grande ABC estaria em retrocesso.”

Apesar das críticas sobre a revisão do projeto da Linha 18-Bronze, Auricchio não acredita que seja momento de pressionar o governador João Doria e defende que seja necessário esperar o prazo dado para a decisão. “Acho que o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC também tem de se posicionar, todo mundo tem. Vou estar nesta batalha sim, e não como prefeito ou vice-presidente da Frente Nacional dos Prefeitos, mas como cidadão e usuário do Metrô, que é uma das coisas mais confortáveis que temos para nos deslocarmos. Colocar um na nossa casa será importantíssimo e um grande avanço para nossa região.”

BATALHA
Além do prefeito de São Caetano, a manutenção do projeto que prevê a Linha 18 para a região é defendida também pelos deputados estaduais com base nas sete cidades, Teonilio Barba (PT), Luiz Fernando Teixeira (PT), ambos de São Bernardo, e Thiago Auricchio (PR), de São Caetano.

Também apoiam o monotrilho o bispo da Diocese de Santo André – responsável pelas sete cidades –, dom Pedro Carlos Cipollini, as subsecções da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Santo André e São Caetano, e as associações comerciais, industriais e empresariais do Grande ABC – Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), Aciscs (Associação Comercial e Industrial de São Caetano) e ACE (Associação Comercial e Empresarial) de Diadema.

A campanha também mobiliza dirigentes das regionais do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) no Grande ABC e líderes do movimento sindical da região.




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