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Prédio de Emei vira ponto de namoro e droga
Danilo Angrimani
Do Diário do Grande ABC
04/02/2005 | 13:47
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O prédio é pintado de marrom e branco e traz no alto, em letras pretas, a inscrição Emei Gildete Souza Marques. A Escola Municipal de Educação Infantil que funcionava ali não existe mais. Só sobrou o prédio.

Situada na rua Maravilha, sem número aparente, no Jardim Encantado, em Rio Grande da Serra, ao lado de uma variante da linha ferroviária, a construção se transformou em um monumento ao desperdício do dinheiro público.

Em uma cidade que tem pelo menos 66 crianças sem vagas em creches, o prédio está com o telhado arrebentado, as paredes foram pichadas, muros estão derrubados e o mato cobre a área de entorno.

Uma pichação na parede de entrada assinala a palavra motel. Setas rudimentares, feitas a caneta e a tijolo, vão indicando o caminho do suposto motel. Onde deveria haver crianças recebendo merenda, carinho e atenção, encontra-se um monte úmido de palha malcheirosa. Na sala ao lado, montes de fezes estão espalhados por onde se olha. O cheiro é tão forte que provoca náuseas. Não dá para ficar ali por mais de um minuto.

Os vizinhos dizem que a Emei virou um local de alta rotatividade. “Os casais chegam à noite, de carro ou de moto, e vão entrando na casa. Tudo que você puder imaginar, eles fazem ali dentro”, disse uma família, que mora nas proximidades da Emei abandonada e pediu para não ser identificada.

O principal receio dos moradores das proximidades é a presença ostensiva de usuários de drogas. “A gente sente muito medo de sair à noite. Só saímos se há muita necessidade.”

Os vizinhos não sabem precisar quando a escola encerrou suas atividades. Referem-se a “10 anos”, “oito anos” atrás. Lembram-se que depois da inauguração a Emei chegou a operar alguns meses e depois interrompeu os trabalhos. A Prefeitura também não dispõe dessa informação.

Rio Grande da Serra é o município da região com número menor de estabelecimentos de educação. Possui quatro creches, cinco pré-escolas e 25 escolas de ensino fundamental e médio, segundo dados que constam na tabela Condições de Alfabetização do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Planos – O novo secretário de Educação de Rio Grande da Serra, Ricardo Castelluci, diz que pretende reativar a Emei. Seu objetivo é “desafogar” uma creche existente no bairro Santa Tereza, transferindo 40 crianças para o imóvel do Jardim Encantado, que seria reformado.

No entanto, o secretário precisa de parceiros para reformar o prédio e colocá-lo em funcionamento. A Prefeitura sozinha, ele informa, não teria meios de pôr a Emei em atividade. A Prefeitura ainda não sabe quanto vai custar a reforma.



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