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De volta à essência

Ribeirão Pires abriga o Sítio Cultural Alsácia,
enorme complexo comunitário que respira arte

Por Vanessa Soares Oliveira
12/08/2017 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


 Segundo o dicionário, Cultura é conjunto de padrões de comportamento, crenças, conhecimentos e costumes; complexo de atividades, instituições, padrões sociais e afins. Logo, é muito mais do que apenas entretenimento. E encontrar na sociedade atual espaços que respeitem essa definição e trabalhem em prol de difundir sua real essência é muito difícil. Não no Grande ABC.

Localizado no número 322 da Rua José Lopes Ventura, em Ribeirão Pires, o Sítio Cultural Alsácia, complexo com aproximadamente 80 mil metros quadrados, nasceu com o propósito de promover cultura atrelada à ideia de apreciação e produção de artes em um estado de imersão. Concebido pelo mineiro William Costa Lima, é coordenado juntamente com Marc Strasser, nascido no município.

O espaço passou um ano por chamada ‘fase de testes’ e abriu as portas ao público somente em abril de 2016. Gerenciado pelo grupo Pequeno Teatro de Torneado, é formado por inúmeras áreas-atrações: Teatro a Céu Aberto, Casa de Cultura Frank Wedekind, Parque Infantil Charles Schulz, Bosque Edwiges Strasser, Bistrô Charles Strasser, Escola Atemporal Câmara Cascudo e Pousada Bertold Brech, onde alguns artistas moram durante os cursos.

“Viemos para Ribeirão Pires porque a necessidade de ‘ser cidade’ estava nos engolindo. São Paulo tem uma demanda urbana grande, as políticas públicas beiram muito o urbano. A realidade cultural não dialoga com essa perspectiva aqui do lado, no chamado Grande ABC. É um outro mundo. Tanto que agora, com essa interrupção do projeto de Cultura de São Paulo, isso ficou muito claro”, explica Lima, que acrescenta: “A gente volta para natureza para que a linguagem pare de ultrapassar o limite da essência. Hoje o mais importante são as artes de ofício, o jeito de fazer e a voz em que o ator se impõe. As artes e os ofícios vão engolindo as essências e a Cultura vai ficando cada vez mais ultrapassada”.

Atualmente, o Sítio é utilizado por cerca de 15 coletivos, que ocupam o espaço para imersões, além de realizarem apresentações. Funciona de forma comunitária e é mantido pelos organizadores e por doações voluntárias de quem utiliza o complexo. Ele aceitam itens como produtos de limpeza, alimentos, entre outras necessidades básicas. “Estamos no limbo entre o público e o privado. Somos o comunitário”, define Lima.

A menina dos olhos do Sítio Cultural é o Teatro a Céu Aberto, onde os grupos realizam apresentações e o público vivencia experiência única de sentir os espetáculos, o que vai muito além de apenas assisti-los. Localizado no meio de uma floresta de pinheiros, possui plataforma de concreto de 12 por 15 metros e iluminação. “É impressionante como o local se transforma. Toda vez que tem espetáculo a gente vê uma nova possibilidade. É nova forma de olhar, de observar o espaço”, conta Strasser.

VER PARA CRER
De fora é difícil compreender a totalidade do que é o Sítio Cultural Alsácia. A produtora Bruna Rosa, que trabalha no local há pouco mais de um mês, define como ‘complexo’. Mas a partir do momento em que se entra por lá, respirar cultura e discutir sua essência são coisas inevitáveis.

E quem quiser conferir tudo isso de perto, o grupo Núcleo Arranca realiza hoje e amanhã, a partir das 19h, duas apresentações de seu novo espetáculo Dura Lex Sed Lex no Cabelo Só Gumex. A trama – escrita pelo dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, há 50 anos – investiga sociabilidades brasileiras por meio de esquetes cômicas e musicais, e revisita o gênero Teatro de Revista. A entrada é gratuita.




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