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A world music no Rock in Rio
Leonardo Blaz
Do Diário do Grande ABC
30/12/2000 | 16:28
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O Rock in Rio Por um Mundo Melhor nao tem a pretensao de ser apenas o maior festival de música pop/rock do continente. A world music (infeliz designaçao usada para rotular um amontoado de gêneros estranhos aos norte-americanos) também merecerá grande atençao na programaçao do evento. A Tenda Raízes congregará nada menos que duas dezenas de grupos nacionais e internacionais em mais de 40 apresentaçoes.

O maior destaque fica por conta do maestro congolês Ray Lema (dias 14 e 18), que se apresentará acompanhado dos músicos do Tyour Gnawas, do Marrocos. Ex-maestro do Ballet Nacional do Zaire, o artista, que hoje mora na França, já colaborou com representantes de diversos estilos, como o baterista do The Police, Stewart Copeland, o pianista de jazz Joachim Kühn, e a Sundsvall Chamber Orchestra da Suécia.

Ainda se apresentam vários outros artistas responsáveis por uma peculiar sonoridade que certamente agradará ouvidos que nao se contentam apenas com os trinados de Britney Spears, uma das besteiras do festival. O espanhol Pascual Gallo (dias 18 e 19) é um deles. Após receber uma série de elogios de ninguém menos que o violonista Paco de Lucia, ele é considerado um dos modernizadores do flamenco. Bastante influenciado pelo rock, o músico mostrará em suas apresentaçoes temas de origem cigana e composiçoes próprias, acompanhado de seu sexteto.

Cheb Aïssa (dias 20 e 21), da Algéria, também pode ser considerado um dos nomes ilustres a integrar a programaçao da tenda. Representante da vertente moderna da música räi - que no Brasil foi popularizada por causa do sucesso das cançoes do cantor e compositor Khaled -, Aïssa expande o ritmo tradicional por meio de instrumentos elétricos e eletrônicos. Assim, é um dos responsáveis pela criaçao de um novo gênero, chamado de Räi-Trab.

E o que falar entao da dupla Amaduo et Mariam (dias 19 e 21), do Mali? O casal, que se conheceu em uma escola para cegos, lançou recentemente Cje Ni Mousso, álbum coberto de críticas positivas na imprensa européia.

Nao se deve menosprezar, ainda, os participantes brasileiros. Os mineiros do Uakti sao o exemplo mais consistente. Construtores dos próprios instrumentos e com ótimos CDs disponíveis no mercado, os músicos vêm sendo bastante requisitados por artistas populares, como Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Skank, Zélia Duncan, entre outros. As atençoes também devem estar voltadas para o Anima, grupo do interior de Sao Paulo, que faz uma importante pesquisa e resgate da música tradicional brasileira.




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