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Mudanças de padres causam polêmica
Vanessa de Oliveira
do Diário do Grande ABC
05/09/2016 | 07:06
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Na figura do padre, católicos encontram não só palavras de conforto, fé e paz espiritual, mas também amizade. Os laços ficam tão estreitos que quando um sacerdote precisa ser transferido de uma paróquia para a outra o clima vai da pacificidade à tensão. A coluna Palavra do Leitor, do Diário, já recebeu diversas mensagens de fiéis expressando tristeza, frustração e até raiva. Em uma delas, em maio, um homem definiu a substituição de um padre em São Bernardo como “presente de grego”, reclamando que o mesmo não tinha presença nos trabalhos pastorais.

Na hora da mudança, a cobrança do porquê ela é necessária recai ao bispo – no caso do Grande ABC, a dom Pedro Carlos Cipollini, que está à frente da Diocese de Santo André, responsável pelas sete cidades da região. “As emoções vêm à tona e os questionamentos são inevitáveis, mas há que se considerar o bem que propicia à vida da comunidade paroquial. É um momento de troca de experiências que dará mais dinâmica aos trabalhos pastorais”, falou o bispo.

Dom Pedro explicou que não existe tempo predeterminado para que um padre permaneça como pároco de uma paróquia, mas sim um “tempo prudente”, que, segundo a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), consiste, em média, em seis anos. “Há padres que estavam há muito mais tempo nas paróquias, alguns já de idade avançada e que dividiam seu tempo com outras atividades como mídias e casas de caridade. A alguns nestes casos convidei-os a cuidarem com maior atenção destas atividades específicas que faziam”, conta.

“Não forcei nenhum, convidei-os, eles dizem ‘sim’, nenhum se recusou. O próprio papa nos inspira nas mudança na Igreja. Ele nos diz: ‘Prefiro uma igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças’”, ressaltou o bispo.

Na sexta-feira, o padre Jadeilson José da Silva, 37 anos, despediu-se da Paróquia São José, no bairro Baeta Neves, em São Bernardo, onde ficou por três anos e sete meses. A nova casa será a Paróquia Cristo Operário, na Vila Linda, em Santo André. A partida resultou em choro e muita tristeza. “Fico triste, pois gosto muito dele, é um padre carismático e atencioso”, destacou Helena Malvina Mosna Ramalho, 84 anos, frequentadora da paróquia há quatro décadas. “De todos que passaram, o padre Jadeilson é o que mais gostei”, afirmou.

Para o sacerdote, a notícia da transferência também é um “choque”. “Toda mudança mexe e machuca um pouco, mas estamos à disposição da Igreja e ela não está apenas em um lugar”, comentou Jadeilson. “Assim é a nossa vida, um desafio aqui, outro lá e o bom de tudo é saber que a gente conquistou mais uma comunidade, mais um povo de Deus. Espero que eu possa corresponder aos anseios de fé da comunidade para onde estou indo. E, com certeza, vou dar o melhor de mim”, concluiu o padre. 




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