As duas equipes usaram metodologia similar para curar os pacientes que tinham sua córnea danificada - a parte transparente e exterior do olho - e que, por causa do deterioramento, estavam praticamente cegos.

Os cientistas Ivan Schwab e Rivkah Isseroff, da escola de medicina da universidade da Califórnia, fabricaram um novo tecido de córnea, a partir de células da córnea dos próprios pacientes ou doadores. Em seguida, implantaram o tecido na córnea de 14 pacientes e 10 deles recobraram algo ou bastante de sua visao, segundo os resultados anunciados.

Os dois médicos basearam-se na técnica usada pelos especialistas para cultivar novos tecidos para substituir a pele de vítimas queimadas. "Agora transferimos esse conhecimento para o olho", disse Isseroff. "No futuro, esperamos transferi-lo para os pulmoes, os instestinos, a vesícula e outros tecidos epiteliais do corpo", acrescentou.

A segunda pesquisa foi realizada pela equipe liderada pelo dr. Ray Jui-Fang Tsai, em Taiwan, que tratou seis pacientes com novo tecido de córnea, também criado em laboratório.

Os cientistas taiwaneses cultivaram o novo tecido a partir de células dos pacientes, o que implicou que uma das córnea devia estar intacta para seguir com o tratamento. Um deles, que tinha a córnea totalmente opaca, pode agora ver a uma distância de 40 cm. A córnea pode ser danificada ou obscurecida depois de uma exposiçao a um produto química ou depois de queimaduras de fogo ou radiaçoes.

Entre os enfermos tratados pelos professores Schwab e Isseroff figurava um homem de 78 anos, que teve uma reaçao negativa a gotas oftálmicas. Nao podia dirigir, nem ler uma tela de computador. Atendido em 1998, agora pode fazer ambas as coisas.

Outro paciente, que foi submetido a seis operaçoes clássicas da córnea, via tudo embaçado. Operado com um tecido criado a partir das células da córnea de seu filho, agora vê claro, apesar de nao poder dirigir. "O que é verdadeiramente apaixonante é imaginar aonde isso vai nos levar", explica Schawb. "O fato de poder substituir os tecidos doentes e os órgaos por tecidos obtidos em laboratório nos faz passar rapidamente do terreno da ficçao científica para o da realidade", disse.

Com a nova descoberta, agora existem três tipos de tecidos que podem ser substituídos por outros dois criados em laboratório: a pele, a cartilagem e a córnea.