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O futuro sem espelho e sem alho

Numa chapa, José Serra; na outra, Michel Temer. Ambos fariam sucesso na TV: nem precisariam de maquiagem para estrelar a Família Adams

Por Carlos Brickmann
29/08/2010 | 00:00
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Numa chapa, José Serra; na outra, Michel Temer. Ambos fariam sucesso na TV: nem precisariam de maquiagem para estrelar a Família Adams. Ambos fariam sucesso no cinema: Temer é o próprio Bela Lugosi, o astro de Dracula, e Serra nada fica a dever a Boris Karloff, o eterno Frankenstein - nem na cor da pele. Vale a pena ver na TV (passa com frequência) o Crepúsculo dos Deuses, obra-prima de Billy Wilder, em que o austríaco Erich von Stroheim faz o papel de um sinistro mordomo apaixonado pela patroa. Stroheim está ótimo no filme. Mas, se Billy Wilder conhecesse Michel Temer, não hesitaria: o papel seria dele.

Ambos preferiram outras carreiras, e nelas tiveram amplo sucesso. O mais perto que chegaram do show-business foi a política, e nela também demonstraram grande capacidade. Um é candidato da oposição à Presidência, outro a vice na chapa da situação. Um só fala em Saúde, apoiado em sua aparência saudável. O outro, jurista de peso, um dos grandes constitucionalistas brasileiros, não falou nada, até o momento, contra o crime que se comete contra os direitos individuais, com a violação maciça do sigilo fiscal de dirigentes adversários.

Um dos dois deve chegar lá. De acordo com as tradições populares a respeito de vampiros e demais seres fantasmagóricos, apoiadas em sólidas narrações literárias, essas criaturas não têm a imagem refletida no espelho, e por isso o evitam. E o alho faz com que desapareçam imediatamente. Que país será este, no momento em que não tivermos espelhos e a nossa comida ficar sem tempero?

O DEBATE CATÓLICO

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), convidou quatro candidatos à Presidência, Dilma, Marina, Plínio e Serra, para debate no dia 23, às 21h, no auditório da Universidade Católica de Brasília. É o segundo debate promovido por católicos - ao primeiro Dilma não compareceu, alegando problemas de agenda. Foi nesse dia, no meio do debate, que surgiu em seu Twitter frase que Plínio de Arruda Sampaio, candidato do Psol, divulgou na mesma hora: "Olha que interessante, o Pato Fu interpretando músicas de sucesso usando instrumentos de brinquedo". Eram os problemas de agenda.

BONS LIVROS

Direito - Aspectos Modernos do Direito Trabalhista Empresarial, coordenado pelos advogados Sérgio Schwartsman e Daniel de Castro Magalhães. Local: Livraria da Vila, Alameda Lorena, 1.371, São Paulo, a partir das 19h de amanhã, dia 30.

Ficção - Jornalista consagrado, Pedro Cavalcanti lança As Cores do Crime, romance policial que se inicia quando o narrador, de madrugada, recebe o telefonema de antiga amante, que lhe pede para acompanhá-la no reconhecimento do cadáver do marido. Bar Canto Madalena, Rua Medeiros de Albuquerque, 471, São Paulo, depois de amanhã, terça, às 20h.

OS CASEIROS FRANCENILDOS

Dizem que o sigilo bancário do caseiro Francenildo foi quebrado para desmoralizar um depoimento que poria em risco a estabilidade familiar de pessoas importantes. Disseram que os dados reunidos pelo Governo Federal contra Ruth Cardoso, mulher do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, não se destinavam à montagem de um dossiê contra ela, mas de um "banco de dados".

E a violação do sigilo fiscal de quatro importantes dirigentes do PSDB, todos integrantes da campanha de José Serra? Nem o porta-voz oficial para esses casos abriu a boca: o cumpanhero Pinóquio preferiu o silêncio.

ASSIM É...

Do presidente do PMDB e vice de Dilma, Michel Temer, negando que seu partido vá lutar por cargos caso sua candidata seja eleita: "O PMDB repudia essa coisa de fisiologismo".

Temer é um político hábil e sempre evitou as cascas de banana. Mas se fica falando essas coisas o seu próprio pessoal arranja alho para derrubá-lo. E ainda vão buscar uma verbinha oficial para a compra da bala de prata.

...SE LHE PARECE

Do jornalista Marcelo Soares, da MTV, comentando em seu Twitter a violação do sigilo fiscal de Ana Maria Braga, junto com a de quatro dirigentes do PSDB: "Confundiram o Louro José com um tucano".




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