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A Covid-19 e a vitamina D
Por Antonio Carlos do Nascimento
07/12/2020 | 07:00
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 Como já foi dito por aqui, o conhecimento de que a vitamina D possui receptores na maior parte de nossas células ampliou o horizonte do estudo de suas ações para bem além do arcabouço ósseo, este, até então a única responsabilidade que imaginávamos para esta substância. E uma vez estabelecido quais seriam os seus níveis normais, cientistas do mundo todo passaram a buscar a relação entre sua deficiência e a ocorrência de inúmeras doenças.

Sabidamente, baixos níveis de vitamina D estão relacionados com câncer de próstata, diabetes, doenças cardiovasculares, esclerose múltipla, doenças autoimunes, depressão e esquizofrenia, entre tantas outras patologias, mas na maior parte das pesquisas sua reposição farmacológica sistemática não demonstre irrefutável proteção.

Contudo, a ação benéfica desta vitamina no sistema imunológico tem sido confirmada por vários estudos, especialmente no que tange à defesa contra infecções e, providencialmente, muito tem sido investigado acerca do possível auxílio que possa ser dado por sua suplementação farmacológica na pandemia de Covid-19.

Um artigo publicado há poucas semanas no The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism ilustra este cenário. O estudo foi desenvolvido no Hospital Universitario Marqués de Valdecilla, em Santander, na Espanha, com o título Vitamin D Status in Hospitalized Patients with SARS-CoV-2 Infection (Níveis de Vitamina D em Pacientes Hospitalizados com Covid-19).

A pesquisa envolveu 216 pacientes adultos com diagnósticos confirmados de Covid-19 internados naquele hospital universitário entre os dias 10 e 31 de março. O grupo controle (aquele sem a doença) foi obtido no mesmo sistema de assistência médica, composto por 197 indivíduos, os quais foram pareados por idade. Utilizaram-se vários critérios de exclusão nos dois grupos para a execução do estudo.

Os níveis de vitamina D dos pacientes internados pela Covid-19 foram mensurados na admissão hospitalar, enquanto nos controles os dados utilizados eram de suas avaliações laboratoriais, colhidas em regime ambulatorial, entre os meses de janeiro a março do ano de 2019.

Os resultados da investigação apontaram que 82% dos pacientes internados com Covid-19 possuíam deficiência de vitamina D, enquanto 47% do grupo controle apresentavam essa insuficiência. A alta prevalência de deficiência de vitamina D nos indivíduos internados por Covid-19 é, sem dúvida, uma importante observação.

Ainda que faltem muitos dados para conclusão definitiva, é possível que o deficit de vitamina D aumente a suscetibilidade para a infecção pelo Sars-CoV-2, muito embora, ao menos neste estudo, a variação de seus níveis não tenha se relacionado com maior ou menor gravidade evolutiva da virose.

São vistas e lidas em redes sociais, ou outras mídias alternativas, várias deduções pessoais envolvendo médicos, as quais os mesmos sugerem blindagem contra a Covid-19 patrocinada por níveis elevados de vitamina D. Tais sugestões não possuem ainda qualquer balizamento científico, mas fazem pensar que manter níveis desta vitamina com bons pontos acima da linha da normalidade é no mínimo inteligente, pois seguramente não traz prejuízos, podendo mesmo nos proteger.




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