Política Titulo
Vereadores aprovam venda de terrenos em Mauá
Por Gislayne Jacinto
Do Diário do Grande ABC
19/03/2004 | 00:49
Compartilhar notícia


Mesmo com dúvidas, vereadores de Mauá aprovaram, em primeira discussão, projeto que autoriza o prefeito Oswaldo Dias (PT) a vender 40 áreas públicas na cidade. Entre elas uma de 112,6 mil m² que, além de ser considerada de preservação ambiental, ainda envolve um precatório não-pago.

Em sessão tumultuada, que só terminou às 22h de quarta, a bancada governista se mostrou desarticulada, desunida e ainda ameaçou votar contra a matéria na segunda discussão, prevista para a próxima terça-feira. Foram 14 votos a favor e quatro contra, número mínimo para a aprovação – houve três ausências.

O presidente da Câmara, Diniz Lopes (PL), ameaçou até não colocar o projeto em votação na terça-feira que vem, caso os técnicos da Prefeitura e o secretário de Habitação, Cláudio Scalli, não compareçam à Casa para tirar as dúvidas dos vereadores.

Os governistas foram à tribuna e condicionaram o voto aos esclarecimentos da administração. Silvar Silva Silveira (PC do B) foi um dos mais exaltados. “Não entendi nada desse projeto. Às vezes me sinto bobo, palhaço. Me sinto frustrado e enganado. Determinadas situações são desanimadoras. Não tenho medo de nada e, se não vierem técnicos explicarem esse projeto, não voto”, afirmou, acrescentando que não “dá para fazer as coisas no afogadilho” e nem votar a “toque de caixa”.

O vereador, que raramente usa a tribuna para falar dos projetos, não parou por aí e disse que a “fama” dos vereadores no país não é boa. Ele afirmou que há pessoas que insinuam que parlamentar leva dinheiro para votar projetos do Executivo.

Até vereadores do PT disseram que só votarão a favor do projeto novamente se houver mais informação do governo. “Não conheço cada área especificada no projeto. É preciso fazer uma discussão, pois seremos questionados lá fora”, afirmou o petista Rogério Moreira Santana.

Admir Jacomussi (PPS) é da mesma opinião. “Esse projeto carece de uma análise mais profunda. Precisamos saber quais são e se estão mesmo ociosas (as áreas)”.

O fato de nem a bancada do PT estar unida em torno do projeto levantou questionamentos. “A própria bancada não se acerta. Se não houver uma conversa, vamos passar vexame”, afirmou Alberto Betão Pereira Justino (PTB), ao salientar que sua maior dúvida é com relação ao precatório de uma das áreas, uma vez que o terreno ainda não foi pago e a Prefeitura já pensa em comercializá-lo.

Paulo Bio (PMDB) acha que o projeto é bom e que a Prefeitura poderá buscar parceiros para investimentos nas áreas, mas também acredita que só a Prefeitura pode esclarecer alguns pontos polêmicos, como os preços das áreas, que ele entende que estão fora dos valores apresentados pelo mercado. “Mesmo assim, em tese, sou favorável a dar uma destinação às áreas.”

O vereador de oposição Lourival Lolô Fargiani (PSDB) não perdeu tempo em criticar Paulo Bio, que é empresário no setor imobiliário. “Ele (Bio) fala como empresário e não como vereador”, disparou o tucano.

Além de Lolô, votaram contra a matéria Manoel Lopes (PFL), Otávio Godoy (PP) e Carlos Alberto Polisel (PSDB).




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;