O guarda-civil municipal Waglei Ribeiro de Menezes, 37 anos, foi preso em flagrante na quinta-feira ao extorquir o guardador de carros Jóbson Silva Santos, 39. Menezes cobrava R$ 150 por semana para permitir o trabalho irregular no estacionamento do Parque Central de Santo André, na Vila Assunção. Após fazer a denúncia no 1º DP (Centro), o flanelinha passou a ser ameaçado por um colega do GCM que atua na portaria na área verde.

Santos trabalha no local desde novembro. Em dezembro, conta que passou a ser procurado pelo GCM para pagamento de taxa, o que daria permissão para cuidar dos veículos que param no estacionamento em frente ao parque. O flanelinha diz ganhar R$ 30 por dia. E o orçamento passou a ficar comprometido com a propina. "Chegou uma hora que não dava mais", disse a vítima.

No dia 27, o guardador procurou o 1º DP (Centro) para denunciar Menezes. Uma operação foi marcada junto da corregedoria da GCM e, dois dias depois, ele foi autuado em flagrante. Alegou que tinha vendido um rádio a Santos e tinha ido buscar o dinheiro. Foi detido na Cadeia Pública da cidade, em ala especial.

Figura conhecida no estacionamento, o flanelinha conta ter recebido retaliação. No domingo, ao usar o banheiro do parque, levou cusparada na cara de um guarda. De longe, o funcionário fazia sinais com a mão e ameaçava agredir o guardador. "Não vou me intimidar", prometeu Santos.

Uma ocorrência de ameaça foi registrada no mesmo DP. O delegado titular Lupércio Dimov pediu calma na apuração. "Tem de averiguar. Não podemos generalizar toda a corporação", disse. A Prefeitura não confirma se a prática de cobrar por vagas públicas é crime, nem o que faz para coibir a ação dos guardadores. Apenas ratifica que o GCM foi exonerado e que irá investigar a história. Santos reconhece que o trabalho é ilegal. "Só estou garantindo o sustento de minha família", completou.

Pai de três filhos, entre eles uma menina grávida, escondeu o problema dos familiares até ontem e sabe que foi marcado. "Medo a gente tem. Mas agora tenho de ir até o fim", disse.