A chegada a Rio Grande da Serra pela Avenida Deputado Antônio Adib Chamas já teve em sua paisagem um muro de aproximadamente dois metros de altura. Em 2006, conforme reportagem publicada pelo Diário, ele foi apelidado de ‘muro da vergonha’ por um pixador. A justificativa é que a construção escondia as casas mais pobres da cidade. Atualmente o muro foi demolido e deu espaço às obras da primeira UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do município. Com recursos do governo federal de R$ 2,5 milhões, a previsão é a de que a unidade esteja pronta no fim de maio.

“É um bairro central e, além disso, tem fácil acesso por meio da rodovia. A UPA é muito importante para a cidade e vai descentralizar o atendimento das UBSs (Unidades Básicas de Saúde)”, explicou o prefeito Gabriel Maranhão (PSDB).

Mesmo com o benefício, os moradores da Vila Figueiredo não esquecem do muro que os escondia e os mantinha invisíveis para quem entrava ou saía da cidade.

“Faz uns seis anos que ergueram. Eu me lembro que até tiveram que desapropriar casas de mais de dez famílias. Fiquei feliz quando soube que no lugar daquilo iam construir a UPA que, se de fato funcionar, vai ser benéfica para toda a população”, disse o pedreiro Édio Alves Mota, 46 anos.

A dona de casa Rosa de Fátima, 42, afirmou que nunca gostou do muro. “Era uma vergonha porque nós sempre fomos um bairro humilde e a impressão era que queriam nos esconder. Parecia que não fazíamos parte da cidade.”

O desempregado José Fontes, 59, foi entrevistado pelo Diário há dez anos na reportagem sobre o muro polêmico. Ele mantém a mesma opinião de que, independentemente da antiga construção, o bairro passou por várias melhorias.

“Acredito que isso seja o mais importante, já que antes aqui tinha esgoto a céu aberto e muita sujeira. Com as obras do muro, também melhorou toda a estrutura do bairro”, contou.

O muro foi construído na gestão do ex-prefeito Adler Kiko Teixeira (PSDB), sendo que o atual gestor, na época, era secretário de Obras e Serviços. Na ocasião, Maranhão criticou a ação do pixador e afirmou que o muro não escondia nada.

Questionado sobre o assunto, o agora prefeito reafirmou a sua posição de que a intenção da construção nunca foi esconder as casas da Vila Figueiredo. “O arquiteto idealizou aquela construção como parte do projeto da entrada da cidade. Ele foi removido unicamente por causa da obra da UPA e teve a sua importância na paisagem. Mas o importante hoje é a entrega dessa unidade”, explicou.