Política Titulo Lava Jato
Empréstimo quitou frota de ônibus

Defesa de Ronan diz que R$ 6 milhões contraídos
junto à Remar foram usados para compra de coletivos

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
05/04/2016 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


A defesa do empresário Ronan Maria Pinto, dono do Diário, disse que o empréstimo contraído da Remar Assessoria, do Rio de Janeiro, foi para quitar dívida para compra de ônibus com objetivo de renovar a frota de suas companhias. Ronan prestou ontem depoimento durante três horas e meia à PF (Polícia Federal) e ao MPF (Ministério Público Federal), em Curitiba, no Paraná.

O empresário foi detido na sexta-feira na 27ª fase da Operação Lava Jato, denominada Carbono 14. Agentes da PF cumpriram mandado de busca e apreensão na sede do Diário, durante seis horas. O MPF acusa Ronan de ter recebido R$ 6 milhões do PT via suposta transferência fraudulenta intermediada pelo pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com o Banco Schahin, em 2004.

Esse dinheiro, conforme a denúncia do MPF, teria sido usado para comprar o Diário para abafar suposto envolvimento do empresário com a morte do prefeito Celso Daniel, de Santo André, em 2002. Essa verba, ainda de acordo com o MPF, foi considerada devolvida quando o Schahin fechou contrato de R$ 1,6 bilhão com a Petrobras, em 2009.

Advogada de Ronan, Luiza Oliver declarou que o dinheiro contraído junto à Remar foi utilizado exclusivamente para quitar dívida de aquisição de ônibus – o empresário é dono de empresas que prestam serviço de transporte coletivo em Santo André.

“O Ronan disse que nunca teve contato com o Bumlai ou com o (Salim) Schahin (dono do banco). Ele pegou empréstimo junto à Remar e à empresa Investe. Empréstimo esse já quitado, em duas maneiras: uma em dinheiro e outra em compensação de crédito para a Remar. Toda documentação que comprova essa movimentação foi apreendida na sexta-feira”, afirmou. “Uma das provas que ele utilizou para renovação da frota é que parte desse pagamento foi para a Mercedes-Benz.”

Segundo Luiza, Ronan não tinha ciência da origem do dinheiro “porque a Remar sempre foi empresa sólida, não era de fachada e tinha capacidade financeira para fazer esse tipo de operação”. Por isso, em seu entender, fica descaracterizada a acusação de lavagem de dinheiro.

Sobre ilação feita pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba, de que o dinheiro teria suspeita de relação com o caso do prefeito Celso Daniel, morto em 2002, a advogada foi enfática ao negar qualquer ligação. “O Ronan refutou essa tese. Até porque não faria sentido ele comprar um jornal para calar esse caso se a imprensa brasileira é constituída de milhares de jornais”. Em delação, o publicitário Marcos Valério, condenado no escândalo do Mensalão, disse que os R$ 6 milhões foram utilizados para “calar” Ronan, que fazia “chantagem” sobre o caso Celso Daniel. Conforme Luiza Oliver, essa hipótese “parece não ter pé nem cabeça” e que Ronan garantiu que “nunca houve chantagem”.

A advogada afirmou que Ronan teve contato com o jornalista Breno Altman, mas não por negócios com o PT. Segundo ela, as conversas com Breno foram sobre possibilidade de ele trabalhar no Diário e quando ele prestou serviços à prefeitura de Santos. 




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