A Casa do Olhar Luiz Sacilotto nem parece a mesma. Quem a viu antes do restauro ou acompanhou as obras, que duraram 13 meses, se surpreende já de cara em função do forte amarelo da fachada. Além disso, o público ainda terá de esperar mais um pouco para conhecer o espaço restaurado, cuja obra já custou aos cofres públicos cerca de R$ 750 mil. E deve custar pelo menos mais R$ 50 mil com a compra de novos móveis e equipamentos.
A previsão é de que a Casa seja reinaugurada na segunda quinzena de abril, com três exposições, uma delas inédita. Até lá, serão finalizados todos os detalhes da obra e a transferência dos equipamentos e obras de arte.
Apesar de já ser possível apreciar da rua algumas das mudanças, as maiores surpresas ainda estão por trás dos tapumes. Todas as janelas e portas, além do madeiramento no interior da casa, ganharam de novo o aspecto natural, com acabamentos de verniz sobre a madeira. O vitral está de volta, reconstituído. O assoalho brilha, já encerado.
Na fachada, as pedras ganharam de novo sua naturalidade – após a remoção da tinta marrom que as encobria –, os balaústres e capitéis estão recuperados e, no alto, se destaca o brasão que fez a equipe de restauro suar a camisa para deixá-lo como fora concebido.
O jardim já está pronto, dentro de um projeto de paisagismo. A coordenadora da Casa do Olhar, Paula Caetano, calcula que, na data da inauguração, muitas das plantas terão dado flores, que encherão de cores a paisagem. A iluminação cênica também está preparada.
Na parte de trás, o pequeno gramado só espera a chegada das cinco esculturas que recebem tratamento especial para que sejam instaladas ali em definitivo, ao ar livre. Bem ao lado, está concluída a espaçosa – e coberta – rampa de acesso destinada aos deficientes físicos.
Animais - Diante de tantas boas surpresas, apenas alguns animais perturbam um pouco a concentração para os preparativos da inauguração: um gato, que já deixou suas pegadas sujas de terra no recém-pintado corrimão de entrada, e as pombas, que insistem em habitar o telhado do casarão.
As pombas se tornaram inimigas da obra. Por duas vezes, as fezes das aves entupiram a calha do imóvel, o que levou a problemas de vazamento e conseqüentes interferências na pintura externa. “E ainda tem gente que insiste em jogar milho para elas aqui”, diz, indignada, enquanto aponta alguns dos grãos flagrados no jardim.
A solução já está na agenda de atividades: passar um produto químico no telhado para repelir as aves e refazer a pintura no local das falhas. Tudo isso antes da reinauguração.
Para quem já viveu dramas maiores, como a queda de parte do telhado, esses problemas são fáceis de resolver e não estragam o orgulho e a felicidade com o novo espaço.
Para o diretor de Cultura de Santo André, Alberto Alves de Souza, a reinauguração da Casa do Olhar é importante por dois aspectos: “Primeiro, porque reflete nossa política de preservação cultural; segundo, porque respeita a tradição de Santo André nas artes plásticas. Já estamos na 34ª edição do Salão de Arte Contemporânea, por exemplo, e queremos manter o projeto da Casa do Olhar em seu trabalho de difusão e formação. A Casa não muda seu papel, mas amplia suas atividades”, afirma.