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Culto termina em pancadaria no Jardim Santo André

Evangélicos invadem apartamento e agridem vizinho por ele estar com 'diabo' no corpo

Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
26/02/2013 | 07:00
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A intolerância religiosa levou cerca de dez evangélicos a invadir um apartamento e A agredir o proprietário do imóvel, um pintor de 41 anos. O crime ocorreu em conjunto habitacional do Jardim Santo André, na noite de domingo, em Santo André.

Por volta das 22h, incomodado com o barulho que o grupo fazia durante culto no apartamento de baixo, a vítima foi reclamar com a síndica do prédio. A reação foi extrema. Os religiosos arrombaram a porta e passaram a agredi-lo e a quebrar os móveis da casa. A justificativa era o fato de que o pintor estaria com o diabo no corpo. A cena foi presenciada por suas três filhas, de 4, 13 e 19 anos, e a mulher, de 39.

Segundo a mulher, uma secretária que não quis ter o nome revelado por medo de sofrer represálias, a perseguição existe há pelo menos sete anos, desde que a vizinha descobriu que a família é espírita. A agressora foi identificada como Isolina dos Santos, 60 anos.

Antes da descoberta, o tratamento era outro, segundo as vítimas. A secretária diz ter doado cestas básicas e roupas à idosa e seus familiares. A denúncia é de que as pregações começam pela manhã, aos gritos, e só terminam durante a madrugada sem que a administração do condomínio fizesse algo para coibir os excessos.

Acuada, a mulher do pintor já fez quatro boletins de ocorrências no 6º DP (Jardim do Estádio) da cidade, responsável pela investigação do incidente. No relato, a mulher diz ter sofrido injúrias raciais e agressões. "Já chamei ela (Isolina) para conversar aqui na minha casa, mas ela diz que não aceita falar com gente da minha cor e religião", relata.

A secretária diz ter recebido visita de equipe da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), responsável pelos conjuntos do bairro, para averiguar denúncia de que ela realizava sacrifícios animais dentro do apartamento.

"Não posso receber visitas porque ela fala que vou fazer macumba", lamenta. Janelas e portas do apartamento ficam sempre fechadas, já que, segundo ela, a vizinha joga objetos para dentro da residência e puxa roupas do varal.

O marido dela precisou de socorro médico no Pronto Atendimento Municipal da cidade no mesmo dia, pois teve a clavícula deslocada enquanto tentava se proteger. "Você não espera que vai acontecer algo assim", completa a mulher.

Procurada, a idosa identificada como autora pela polícia no registro da ocorrência não foi localizada. Uma familiar sugere que "se ela (denunciante) se sente ameaçada tem mais é que ir à delegacia e buscar os seus direitos."




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