Exposição reúne cerca de 6.000 brinquedos,
entre eles uma boneca grega de 2.500 anos
Imagine andar por espaço que parece grande fábrica com rampas, túneis e vitrines. O que tem ali? Cerca de 6.000 brinquedos, como carros, piões, petecas, bonecas, bloquinhos de montar, massinhas e miniaturas de diferentes épocas e regiões do Brasil.
São tantos objetos que colorem o lugar que é difícil saber para onde olhar ao visitar a exposição Mais de Mil Brinquedos para a Criança Brasileira, em cartaz no Sesc Pompeia, em Sampa. É homenagem à mostra semelhante feita pela arquiteta Lina Bo Bardi, em 1982.
Logo na entrada, os visitantes são recebidos pelos bonecos gigantes de Cosme e Damião, protetores das crianças. Dos itens expostos, 200 estiveram no evento dos anos 1980.
Não dá para visitar a mostra com pressa já que em cada canto é possível se encantar com objetos antigos – há boneca grega de 2.500 anos – e modernos, selecionados em pesquisa que durou um ano pelo Brasil.
O que mais chamou a atenção de Luana Leme, 8 anos, foi conhecer como as bonecas são feitas numa área que simula a linha de produção de uma fábrica de brinquedos. “É legal ver as partes da Barbie desmontadas e a boneca pronta depois.”
Davi Isaac Hamer, 6, curtiu a minicidade feita de pecinhas de montar, caixinhas de fósforo e cartas de baralho. “Deve ser muito difícil de fazer”, diz. O menino participou de oficina de artesanato que ocorre diariamente, às 11h, 15h e 17h.
A exposição é dividida em cinco ambientes, mas não existe sequência certa para visitá-la. Tem ainda exibição de vídeos e atividades interativas. É passeio para toda a família!
Mais de Mil Brinquedos para a Criança Brasileira – Sesc Pompeia (Rua Clélia, 93, tel.: 3871-7700), em São Paulo. Terça a domingo, das 10h às 19h. Grátis. Até 2 de fevereiro.
Saiba mais
A bola e a boneca são os brinquedos mais antigos. Calcula-se que a redonda tenha cerca de 6.500 anos.
Trigêmeos Ciclistas, criado por Guto Lacaz, mostra como a força da água é capaz de girar uma roda e movimentar três gangorras sobre as quais bonecos ciclistas andam de um lado para o outro.
Como o brinquedo surgiu?
O brinquedo surgiu nas antigas civilizações e é importante representante da história e evolução da humanidade. Segundo estudiosos, nasceu de três formas.
Na primeira, algumas ferramentas usadas no dia a dia do homem se transformaram em divertimentos. O pião é exemplo; no começo, servia para prever mudanças no tempo e melhor período para colheita. Já a pipa era usada como sinalizador militar e para passar mensagens entre os campos de guerra.
Outro modo era o desenvolvimento de brincadeiras para divertir e passar o tempo. É o caso do jogo das cinco marias (de arremessar para o alto e recolher pedrinhas ou saquinhos). A terceira maneira de os brinquedos surgirem é por meio da fabricação de miniaturas de invenções, como carro, avião e navio.
Mas foi após a revolução industrial e a descoberta de materiais (como o plástico) que fábricas de brinquedo apareceram.
Passeio é cheio de surpresas
Na exposição, as irmãs Ana Clara, 8 anos, e Marília Gales Landi, 9, se surpreenderam com a quantidade de brinquedos. “É legal que ao longo dos anos as crianças brincam de coisas diferentes. Não imaginava ver tantos”, diz Ana Clara.
A menina gostou dos artesanais, como a obra Parque de Diversões, que tem atrações e pessoas em miniatura. Feita pelo artesão paulista Mestre Molina, ficou exposta na mostra Mil Brinquedos para a Criança Brasileira, em 1982.
A mãe das meninas mostrou brinquedos com os quais se divertia na infância. Os mamulengos (bonecos com cabeça de madeira ou papel machê e corpo de tecido) também chamaram a atenção delas. “Nem todos conhecem. A gente tem em casa porque meus pais compraram numa viagem para Minas Gerais”, conta Marília.
Na mostra, há espaço criado pelo animador Márcio Ambrósio em que o mamulengo (ligado a um circuito elétrico) reproduz movimentos feitos pelos visitantes numa sala escura.
Dá para fazer o próprio passatempo
Não precisa comprar brinquedo para se divertir. Dá para você mesmo criar o seu. Basta soltar a imaginação e colocar a mão na massa. A exposição é cheia de ideias criativas que podem ser aproveitadas por todos. Vitrines mostram divertimentos confeccionados com materiais simples, como embalagens plásticas, madeira, rolhas, latinhas e tampas de garrafa.
Lorenzo Failde Barolo, 5 anos, conheceu a mostra com o avô, que contou que fazia os próprios brinquedos na infância. “Quem não tinha muito dinheiro usava vários materiais para criar”, diz o menino. Após a visita, Lorenzo ficou com vontade de fabricar passatempos.
Além de ser importante para o desenvolvimento da criatividade, construir um brinquedo pode fazer com que a gente aprenda coisas novas e descubra habilidades que nem imaginava que tinha.
Destaques da exposição
Espigas de milho se transformam em bonecas. O costume era muito comum na infância dos avós, mas ainda pode ser encontrado em algumas regiões do País. Com a espiga descascada é possível colocar a imaginação para funcionar e criar vários personagens. As roupinhas podem ser feitas com retalhos.
Edifício com Crianças Brincando é a obra do pernambucano Mestre Saúba que mostra o jeito regional de se divertir.
A boneca grega presente na mostra tem cerca de 2.500 anos. Feita de barro, é o brinquedo mais antigo exposto. Fica no segundo pavimento da exposição. Só não se espante com seu tamanho, é bem pequenina. A mesma boneca estava na mostra Mil Brinquedos para a Criança Brasileira, realizada em 1982 no Sesc Pompeia.
Consultoria de Sandra Leibovici, do núcleo de exposição do Sesc Pompeia, Gandhy Piorski, educador, pesquisador e curador da exposição, e Tatiana de Azevedo, coordenadora de projetos do Museu dos Brinquedos de Belo Horizonte.
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