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A onça vai beber água

Era uma vez, há muitos e muitos anos, naquelas campanhas em que Paulo Maluf saía disparado na frente, com mais pontos

Por Carlos Brickmann
15/08/2010 | 00:00
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Era uma vez, há muitos e muitos anos, naquelas campanhas em que Paulo Maluf saía disparado na frente, com mais pontos que todos os adversários somados. Um dia, o grande jornalista Oliveiros S. Ferreira, cientista político e diretor de Redação de O Estado de S.Paulo, comentou: "Enfim, vai começar a campanha!" Maluf, perpetuamente em campanha, não entendeu. E Oliveiros explicou: iria começar o horário eleitoral gratuito - este, sim, a campanha de verdade.
O mundo muda quando a TV entra no jogo. Fernando Henrique era prefeito de São Paulo, mas quem levou foi Jânio Quadros. Maluf seria prefeito, com larga vantagem sobre seu principal adversário, João Leiva, e Erundina ganhou. Paes de Andrade tinha a eleição tão segura que até parou de fazer campanha, e Maria Luiza Fontenelle chegou à Prefeitura de Fortaleza. Paulo Souto era favoritíssimo ao governo da Bahia e Jaques Wagner ganhou no primeiro turno. Gilberto Kassab estava lá em baixo nas pesquisas, fez excelente campanha na TV e derrotou dois pesos-pesados da política paulista, Geraldo Alckmin e Marta Suplicy. No segundo turno das eleições de 1989, entre os hoje aliados Lula e Fernando Collor, Lula subia consistentemente e Collor perdia fôlego.
O jornalista Ferreira Netto, collorido de primeira hora, procurou seu candidato: "Você começou como Super-Homem e virou o Clark Kent. Vá para a briga!" Collor levou Mirian Cordeiro, mãe de uma filha de Lula, para um explosivo depoimento na TV. Ganhou.

Oliveiros tinha razão: a campanha começa agora (e aquela? Maluf perdeu).

DEPOIS DE AMANHÃ...
A campanha de verdade começa depois de amanhã e vai até 30 de setembro. São dois blocos diários: das 13h às 13h50 e das 20h30 às 21h20 (sim, a novela vai atrasar). E há os anúncios curtos, espalhados por toda a programação.

...VAI SER OUTRO DIA
O maior tempo de TV é de Dilma, 10m39s - quase metade do total. Serra tem 7m19s. Marina, 1m23s. Plínio, 1m02s. Os demais, 56 segundos cada. Dilma e Serra têm boas equipes e tempo suficiente para levar vantagem na disputa.

PAPO CABEÇA
O que mais chamou a atenção deste colunista, no debate da Rede Bandeirantes entre os candidatos ao governo paulista, foi o cuidado que os principais concorrentes dispensaram ao que está fora da cabeça: um pinta a cabeleira com uma cor inacreditável, dois espalham cuidadosamente os cabelos restantes para esconder a careca, um cortou o rabichinho que usou por tantos anos. Só o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, ficou tranquilo: não tem cabelos com que se preocupar, nem adversários que perguntem sobre sua súbita conversão ao socialismo.

PROMESSAS
Candidato promete tudo. Mas a vida real é diferente. Dia 9, 19h30, esquina da Alameda Lorena com Avenida Nove de Julho, o trânsito para no farol. Um rapaz se aproxima do carro de nossa leitora, bate forte no vidro, enquanto outro assegura a retaguarda. O carro andou, os jovens abordaram outros veículos, nossa leitora ligou 190. O atendente queria saber de que cor eram, que roupa usavam (e o tempo passando). O endereço, conhecido de qualquer paulistano, teve de ser repetido três vezes. Viatura policial? Alguma hora dessas, quando houver disposição.

O JUIZ DO MENSALÃO
Se o ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal, está momentaneamente impossibilitado de trabalhar, é de elementar justiça que fique fora do serviço até que sua saúde esteja recuperada. Se seu problema se manifesta quando passa longo tempo sentado, isso não o impossibilita de visitar amigos, de tomar uma cerveja no balcão do bar, nada disso. O problema é outro: enquanto as licenças (justificadíssimas) do ministro Joaquim Barbosa se estendem, o julgamento do Mensalão, que está em suas mãos, talvez se atrase. E isso é mau.

TRAVESSEIRO, COBERTOR
Prepare-se: terça-feria, debate entre os candidatos a vice, Michel Temer e Índio da Costa, no O Estado de S.Paulo. Só para quem adora campanha.




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