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A Dilma que vai-não-vai

A presidente Dilma Rousseff era favorável ao fim do sigilo eterno dos documentos oficiais. Depois de ouvir seus

Carlos Brickmann
29/06/2011 | 00:00
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A presidente Dilma Rousseff era favorável ao fim do sigilo eterno dos documentos oficiais. Depois de ouvir seus conselheiros José Sarney e Fernando Collor, Dilma ficou favorável ao sigilo eterno dos documentos oficiais. Diante do berreiro que sua nova posição provocou, Dilma voltou a ser favorável ao fim do sigilo eterno dos documentos oficiais. Seu ministro da Defesa, Nelson Jobim, botou a cereja no bolo: para ele, tanto faz, já que os documentos militares que poderiam causar problemas foram destruídos faz tempo. É falso: em várias ocasiões os documentos foram citados como existentes - inclusive, e faz pouco tempo, pelo coronel Brilhante Ustra, que foi chefe do DOI-Codi na ditadura militar.

A presidente Dilma Rousseff era favorável à transparência total das concorrências públicas. Aí apareceu uma cláusula numa Medida Provisória, que a presidente Dilma Rousseff encaminhou ao Congresso, determinando que as obras para a Copa e as Olimpíadas só teriam divulgadas as estimativas oficiais de custo depois da concorrência. Quanto tempo depois? Depois, uai! Até Sarney foi contra e a presidente Dilma Rousseff ficou preocupada. Aí surgiram técnicos dizendo que a medida era ótima, porque impediria que, conhecidas as estimativas oficiais, as empresas concorrentes ajustassem seus preços para cima. Até Sarney ficou a favor. E a presidente Dilma Rousseff voltou a achar que concorrência boa é a que tem a estimativa oficial em segredo. Mas uma pergunta não foi respondida: se a medida é tão ótima, por que aplicá-la só na Copa e na Olimpíada?

Dilma vai, Dilma vem, tanta pressão zonzeia. E a turma de sempre se arruma.

O ancião e a Polícia

Dizem que um cavalheiro quase centenário reclamou ao médico que não conseguia atingir o desempenho sexual de seus amigos da mesma idade. O médico foi direto: "Não é difícil! Faça como eles". O cavalheiro perguntou: "Mas como poderei fazer como eles?" E o médico: "É simples. Minta".

A cada divulgação da queda do número de homicídios em São Paulo este colunista relembra a piada. Já que não dá para combater o crime, que se combata a estatística. Em São Paulo, uma chacina é registrada como um homicídio com N vítimas. Se uma pessoa é assaltada, tem o relógio roubado e é assassinada, isso não é homicídio para as estatísticas: entra como "latrocínio". Se uma pessoa aparece morta na rua com 16 tiros nas costas, não é homicídio: é "crime a esclarecer".

Em resumo, o marido é fiel, descontando as escapadas.

O governador e o secretário

Só não se sabe se o governador tucano Geraldo Alckmin pediu à Secretaria da Segurança que ajuste números mais adequados ou se também acredita neles.

Congresso, em bom francês

A PEC 300 é a proposta de emenda constitucional que fixa um piso salarial nacional de policiais militares (e bombeiros) igual ao de Brasília, onde os vencimentos são mais altos; e determina que, se necessário - e sempre será - a União forneça aos Estados o dinheiro necessário para cobrir a diferença. Tem pontos positivos - a Polícia, hoje, é muito mal paga - e negativos, como não criar fontes adicionais de recursos para cobrir os novos gastos. Dá uma boa discussão, que pode ser produtiva e de alto nível. Mas está sendo usada como moeda de troca: parlamentares que apóiam o Governo ameaçam aprová-la, estourando o orçamento federal, se não forem liberadas as verbas que reivindicam.

Os americanos chamam isso de blackmail. Os franceses, de chantage. Nós, brasileiros, sempre cordiais, gentis e afetuosos, de negociação política.

Seu Cabral

O governador fluminense Sérgio Cabral, segundo sua assessoria, estava viajando, mas segundo ele disse só viajou mais tarde - o que torna estranho o depoimento de dois funcionários do hotel onde se hospedaria, que o viram por lá, na Bahia, bem antes que saísse do Rio. O avião do empresário Eike Batista, onde Cabral disse que viajou, só foi para a Bahia muito depois que a assessoria do governador informou que ele já estava viajando. Ah, os mistérios do céu da Bahia!

Claro que Cabral não fazia nada demais. Então, por que não contar de uma vez o que foi fazer, com quem e quando, para tapar a boca dos seus detratores?

Gente má

Frase que circula pela Internet: "Cabral descobriu Porto Seguro em 1500. Porto Seguro descobriu Cabral em 2011".

Amiga ou inimiga

A presidente Dilma Rousseff enviou o ex-presidente Lula para Malabo, na Guiné Equatorial, para chefiar a missão brasileira na 17ª Sessão Ordinária da Assembléia Geral da União Africana. Malabo tem chuvas fortes praticamente diárias, a temperatura média é de 29 graus, poucas são as ruas pavimentadas, 80% da população não têm acesso a eletricidade nem a água encanada. O país é governado pelo ditador Teodoro Nguema desde 1979. Eleições, nem pensar.

Dilma anunciou que pretende entregar missões internacionais a ex-presidentes, que atuarão como seus representantes. E justo Lula, seu amigo de fé, seu principal cabo eleitoral, seu companheiro de partido, ela enviou a Malabo




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