Setecidades Titulo Habitação
Prefeitura de Diadema
abre diálogo com famílias

Cerca de 150 pessoas invadiram, na noite de sexta-feira, um
terreno no Jardim Inamar; ocupação durou menos de 24 horas

Por Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
10/06/2012 | 07:00
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A Secretaria de Habitação de Diadema decidiu, ontem à tarde, abrir a negociação com as cerca de 150 pessoas que invadiram na sexta-feira à noite terreno localizado na Avenida Chico Mendes, no Jardim Inamar. A ocupação durou menos de 24 horas.

Pressionados, representantes da Pasta decidiram marcar reunião com os ocupantes para segunda-feira, às 14h, na sede da Secretaria. A condição imposta era que todos deixassem o terreno imediatamente. A saída ocorreu até por volta de 21h.

O objetivo dos integrantes do movimento é pressionar o poder municipal a agilizar a aquisição de moradias populares na cidade. A maioria, segundo os ocupantes, está inscrita em programas habitacionais da Prefeitura e aguarda há anos alternativas de habitação.

O terreno faz parte de Área Especial de Interesse Social da Prefeitura e já tem destinação, inclusive no Plano Direitor do município, para construção de moradias populares. "É uma forma de protestar o direito prometido a todos eles", explicou uma das advogadas do movimento, Marcela Vieira, que passou a noite no local com os desabrigados.

Antes do acordo ser firmado entre as partes, a situação ficou tensa em alguns momentos. Ocupantes criticaram a truculência dos guardas-civis que faziam a segurança da área e, segundo integrantes, impediram a entrada e saída de alimentos e água.

O problema aconteceu poucas horas depois do secretário de Habitação, Milton Nakamura, ir até o terreno e autorizar o abastecimento. Invasores afirmaram que a liberação foi concedida pelos guardas-civis durante apenas 40 minutos. Além de adultos, crianças e idosos buscavam abrigo no local.

Uma das líderes do Movimento da Luta Popular de Diadema, Helena Silvestre, 27 anos, considerou a proposta um avanço, mas fez ressalvas. "É o início de uma conversa. Concordamos em sair com essa condição. Mas, a regulação de entrada de comida e água mostrou indisposição em dialogar. Estamos atentos, mas achamos melhor dar um voto de confiança à Prefeitura", explicou.

Os integrantes do movimento vieram de toda parte da cidade, como os bairros Eldorado, Promissão, Serraria, Campanário, Parque Real, Vila Cazuza e Jardim Marilene. Outros vieram de Ribeirão Pires. A maioria ganha cerca de um salário mínimo e não tem condições de arcar com custos de aluguel.

Um dos ocupantes, Antônio Carlos, 41 anos, afirmou que o objetivo da mobilização não era o confronto com policiais, e sim a negociação de alternativas já apresentadas pela Prefeitura e que não tiveram desdobramentos. "Faz mais de 15 anos que a área está abandonada e continuamos sem moradias. Não estamos aqui para brigar, só queremos nossos direitos garantidos."

MTST ocupa área em Santo André desde março

Cerca de 1.300 famílias do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) permanecem desde o início de março em área particular localizada na Rua Adriático, no Jardim do Estádio, em Santo André.

A maioria das famílias é formada por ex-participantes de acampamento na Cidade São Jorge, desativado em 2010, e de moradores do Jardim Santa Cristina, ambos em Santo André. A reivindicação dos sem-teto é que sejam incluídos nos cadastros de programas habitacionais da Prefeitura para ter acesso às moradias populares.

Em meados de maio, o juiz João Antunes dos Santos Neto, da 5ª Vara Cível de Santo André, suspendeu por 120 dias a reintegração de posse que havia sido ordenada ainda no mês de março. A justificativa foi baseada na iniciativa da Prefeitura e da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) em desapropriar a área.

Dentro de até uma semana o prefeito Aidan Ravin (PTB) receberá ofício do magistrado para cumprir a determinação de cadastramento das famílias que moram provisoriamente no terreno.




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