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800 mil cães e gatos vivem abandonados nas ruas da região
Por Isis Mastromano Correia
Especial para o Diário
17/09/2006 | 20:38
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Para dar abrigo a todos cães e gatos abandonados do Grande ABC, cada morador de São Bernardo – a maior cidade da região – teria de adotar um animal de estimação. Hoje, cerca de 625 mil cães e 156 mil gatos perambulam pelas ruas da sete cidades. Para chegar à estimativa, o cálculo da ONG Arca Brasil é simples: a cada quatro habitantes há um cão nas ruas e para cada grupo de 16 pessoas existe um gato sem lar. Mais do que uma questão de “carinho” pelos bichos, o abandono de animais implica questão de saúde pública.

De acordo o presidente da Arca Brasil, Marco Ciampi, somente na cidade de São Paulo, por exemplo, existem dois milhões de cães nas ruas. “O número de gatos é impreciso porque vivem de forma mais livre, se procriam em parques e em subúrbios”, conta. No Brasil, o dado é mais alarmante: 41 milhões de animais abandonados. Muitos dos bichos tranformam-se em “ferais”, ou seja, perdem o vínculo de socialização. “As crias são originadas pela irresponsabilidade humana”, julga Ciampi.

Os motivos para abandono dos bichos são diversos. Campanhas de estímulo à posse responsável são cada vez mais disseminadas por governos e associações. “Por causa de atitudes irrefletidas, as pessoas pegam animais para criar e depois percebem que não dão conta”, lamenta o presidente da Arca. Segundo Ciampi, entre 15 e 20 mil animais são sacrificados por ano na Capital.

Segundo a Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria Estadual da Saúde, centros de zoonoses não são obrigados a notificar o número de animais sacrificados. A Gerência de Santo André informa que há dois anos foi assinado termo entre Prefeitura e UIPA (União Internacional Protetora dos Animais) para que bichos saudáveis não sejam sacrificados. “Neste ano, nenhum animal sadio foi morto”, confirma o presidente da UIPA-ABCD, João Vicente Netcer.

Ações – ONGs de desfesa dos animais estimulam a posse responsável e alertam sobre as implicações decorrentes da adoção de um animal. As entidades estabelecem elos entre aqueles que querem doar e adotar um bicho. Para cada dez pessoas que doam um animal, há apenas uma interessada na adoção.

Em outubro, a Secretaria Estadual da Saúde vai capacitar 200 profissionais com novas técnicas de recolhimento de animais. No Grande ABC, nove deles receberão treinamento para controlar a população de cães e gatos. A capacitação visa padronizar as ações nos municípios, que hoje atuam de maneira independente no controle dos animais de rua.

Melhor amigo – O pastor belga Lord teve o prazer de conhecer o oncologista Daniel Cubero no Centro de Zoonoses de Santo André. O animal foi resgatado das ruas por bombeiros e, na sexta-feira, vai para nova casa com o médico. “Eu queria comprar um cachorro e uma veterinária me deu a dica de adotar”, conta Cubero.

Ao contrário da maioria, o médico preferiu adotar um cão adulto. “Ele é até um pouco idoso”, brinca. “Depois que a gente conhece essa possibilidade não abandona mais a idéia (adoção).” Há uma semana, Cubero visita diariamente Lord para se familiarizar com o cão. Em média, os animais ficam à disposição por três dias e, depois, são encaminhados à adoção. (Supervisão de William Glauber)




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