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Queda nos juros e eleições animam empresários do ABC
Por Frederico Rebello Nehme e
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
02/01/2006 | 08:10
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Influenciado pelo resultado abaixo do esperado para o PIB (Produto Interno Bruto) de 2005, o setor produtivo do Grande ABC espera que o ano de 2006 apresente melhores resultados para a economia regional e para o país. Uma perspectiva de queda nos juros, o aquecimento da economia mundial e a avaliação de que nenhuma medida recessiva será adotada pelo governo federal em ano eleitoral são fatores que alimentam essa expectativa.

A economia global aquecida pode contribuir para a manutenção de fortes exportações, importantes para o dinamismo da economia regional. Pólo exportador de veículos, autopeças e produtos petroquímicos, o Grande ABC deve continuar se sobressaindo em 2006, mesmo com o real valorizado, que reduziu a rentabilidade das vendas brasileiras ao exterior em 2005.

Além disso, o ano eleitoral pode ser benéfico. “Historicamente, em anos de eleição, é raro termos medidas que não sejam populares, por isso podem ser afastadas as surpresas na política econômica”, afirmou Sílvio Mincioti, secretário-executivo da Agência de Desenvolvimento do Grande ABC.

Uma das ações que o setor empresarial espera que o governo implemente é a redução da taxa básica de juros (Selic). Com isso, o câmbio pode se valorizar, melhorando a margem de lucro das exportações. O diretor-adjunto do Ciesp de Santo André Shotoku Yamamoto afirma que a tendência é de queda da Selic de forma gradual, por conta do conservadorismo do Banco Central.

Para o dirigente do Ciesp, há poucos riscos de piora no quadro econômico. “O BC sempre aumenta a taxa de juros quando há ameaça de aumento da inflação. Não há sinais de que essa ameaça exista”, afirmou Yamamoto. Isso porque um dos fatores que têm impulsionado a taxa inflacionária nos últimos anos são os preços administrados (eletricidade, telefonia e outros), que são reajustados pelo IGP-M. Como o índice teve crescimento pequeno este ano não haveria motivos para se preocupar com altas nessas tarifas.

O economista Francisco Funcia, é coordenador do curso de Economia do Imes (Universidade de São Caetano), também acredita que a economia regional será bastante favorecida em 2006, por conta das questões nacionais como a perspectiva de redução dos juros e também pela antecipação do pagamento da dívida externa. “Ajuda na captação de capitais para o Brasil”, afirma.

Recordes – Entre os especialistas no setor automotivo, a previsão é de novo recorde histórico de produção de veículos em 2006, ano em que o setor pode atingir 2,6 milhões de unidades fabricadas. No ano passado, foram perto de 2,5 milhões de unidades, com exportações (US$ 11 bilhões) 30% superiores às de 2004. Mas o consultor André Beer, da Beer Consult, avalia que esse alto patamar de vendas ao exterior se estabilizará em 2006, a não ser que o dólar tenha uma valorização.

Na área petroquímica, as perspectivas também são levemente otimistas. O vice-presidente da Unipar, Vítor Mallmann, projeta bom desempenho tanto da economia global quando do cenário interno. Unipar controla as empresas Petroquímica União, Polietilenos União e outras empresas do Pólo de Capuava.

“Houve uma volatilidade (altos e baixos) grande no consumo em 2005, que acabou se sobrepondo ao bom momento da ocupação global”, diz Mallmann. Para este ano, o setor dará continuidade aos projetos de expansão da PQU e da Polietilenos União, que estão previstos para ser concluídos no início de 2008.

“A melhora não se dará de uma hora para outra. Mas com taxas de juros menores, haverá o estímulo ao crescimento da economia e será possível atrair investimentos e gerar empregos, criando um círculo virtuoso”, diz o diretor titular do Ciesp de São Bernardo, Mauro Miaguti.




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