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500 anos de Arte Russa no Ibirapuera
Por Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
08/06/2002 | 16:53
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A agenda cultural paulistana oferece uma ótima e rara oportunidade para quem está a fim de uma balada russa. A exposição 500 Anos de Arte Russa – Dos Ícones à Arte Contemporânea será inaugurada às 19h deste domingo, para convidados, na Oca do Parque do Ibirapuera. A realização é da BrasilConnects.

A maioria das 350 obras de arte da exposição (vindas do Museu Estatal Russo, o museu de São Petesburgo) chega pela primeira vez ao Brasil. Parte desta coleção nunca havia saído de lá. A visitação começa na terça, com ingresso a R$ 7.

Mas até lá, enquanto a mostra não abre para o público em geral, o dia de hoje pode ser produtivo para os interessados em conhecer um pouco mais sobre a cultura daquele país e chegar mais bem informado à exposição. No Espaço Unibanco de Cinema acontece a Mostra Sergei Eisenstein. A homenagem ao cineasta russo termina neste domingo com a exibição do longa-metragem Alexander Nevsky.

Na Oca – A exposição foi distribuída pela Oca em cinco segmentos temáticos: Arte Religiosa, Simbolismo, Vanguarda, Realismo Socialista e Arte Contemporânea. “O conjunto exibido oferece ao público uma significativa mostra da cultura russa dos últimos cinco séculos”, afirma Dora Silveira Corrêa, que gerencia o projeto da mostra.

A curadoria é assinada por Nelson Aguilar e Jean-Claude Marcadé (ambos da BrasilConnects) e por Eugenia Petrova e Joseph Kiblitsky, ambos do museu russo.

Os chamados ícones – pinturas sobre madeira que simbolizam Cristo, santos e anjos, por exemplo – figuram ao lado de objetos litúrgicos na seção religiosa da mostra. “Essas peças, originalmente de igrejas ou residências e datadas do século XV ao XVIII, estão ligadas à Igreja Ortodoxa Russa. Elas estão expostas no 2º andar da Oca, onde o teto arredondado cria um ambiente propício”, disse Dora.

No 1º andar está a Vanguarda Russa, segmento que conta com trabalhos de medalhões como Malevitch, Chagall, Kandinsky e Tatlin. “Entre as obras há os chamados arquitéctonos do Malevitch, que são construções com chapas de gesso”, afirmou a gerente.

Simbolismo e Arte Contemporânea dividem o espaço térreo. Do simbolismo, entre pinturas e desenhos, há um pano de boca (de teatro) de 1906, assinado por Lev Bakst. Instalações, esculturas e pinturas, entre composições em outras linguagens, figuram na seção contemporânea do evento.

Por fim, no sub-solo, o Realismo Socialista, parte composta por pinturas em grandes dimensões (espécies de reportagens figurativas) e cartazes (promotores das orientações do regime socialista). As telas narram, por exemplo, paradas esportivas e reuniões de notáveis. É o realismo soviético, uma das armas ideológicas usadas pelo regime.

Uma das preocupações dos responsáveis pela cenografia da mostra, Felipe Tassara e Daniela Thomas, foi deixar à vista as estruturas da Oca, edifício assinado por Oscar Niemeyer. “A Oca é uma obra-prima da arquitetura. Decidimos deixar suas estruturas visíveis com a intenção de criar um diálogo entre a mostra russa e a trajetória comunista de Niemeyer”, disse Tassara.

Lamentável é o fato de uma mostra desse porte e importância, orçada em R$ 2 milhões, não ter caráter itinerante. Ou seja, quem quiser ver, terá de ir à Oca, isso até o dia 10 de setembro, data marcada para o encerramento.




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