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Enquanto as águas não vêm

O tempo seco de inverno seria uma boa oportunidade para o planejamento das cidades em relação à temporada de chuvas

Wilson Marini
04/08/2011 | 00:00
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O tempo seco de inverno seria uma boa oportunidade para o planejamento das cidades em relação à temporada de chuvas. Quando o verão chegar, aumentará o risco de deslizamentos e alagamentos. No momento em que as tragédias ocorrem, contam-se os mortos e desabrigados, corre-se atrás dos prejuízos e tenta-se consertar a porta arrombada. É tarde demais. Os fatos já aconteceram e a esperança é de que não se repitam, ao menos com a mesma dramaticidade, nos anos seguintes. Mas entra ano e sai ano, parece que o quadro se repete.

Muito pode ser feito pelo poder público, em parceria com a comunidade, em relação à prevenção dos efeitos de chuvas e ventos fortes. Entre as ações, destacam-se obras estruturais para evitar ou diminuir o impacto junto às áreas urbanas mais densamente ocupadas; remoção antecipada de famílias em áreas de risco; preparo de equipes de ação preventiva e de socorro; conscientização da população; incentivo à formação de voluntários. Nada se compara em relação aos resultados da prevenção quando tudo é articulado regionalmente e com apoio da população e de organizações não governamentais. O mundo globalizado já não vive mais o lema "cada um para si, Deus para todos".

INTEGRAÇÃO NECESSÁRIA

Por isso preocupa a informação do Diário do Grande ABC de terça-feira. O jornal alerta que "a quatro meses do início da temporada de chuvas, o Consórcio Intermunicipal ainda não tem planejamento efetivo e integrado para evitar novas tragédias naturais". Corre o órgão na contramão das tendências mundiais que recomendam soluções regionais e articuladas em redes.

Em reunião sobre o assunto, representantes do consórcio afirmaram que o papel da entidade é o de fornecer informações para subsidiar as Prefeituras. E que as ações preventivas deverão ser executadas pelas sete cidades, individualmente. Nada garante, porém, que as Prefeituras estão preparadas. Em Mauá, cidade mais castigada pelos temporais do fim de 2010 e começo deste ano, a administração destinou apenas R$ 110 mil à Defesa Civil, valor equivalente a 0,02% dos R$ 560 milhões previstos no Orçamento.

SINERGIA REGIONAL

Para não dizer que não falou de enchentes, o consórcio anunciou que investirá R$ 700 mil para equipar os órgãos de Defesa Civil dos municípios do Grande ABC. Serão adquiridas 14 viaturas, duas por cidade, além de comunicadores e equipamentos operacionais. Cada Prefeitura receberá uma senha para ter acesso ao sistema do órgão estadual, que fornece dados como a previsão de chuvas, índice de precipitação e volume de água nos rios e córregos. Técnicos das defesas civis receberão torpedos SMS (via celular) com informações sobre a possibilidade de emergências.

É claro que tudo isso vai ajudar. Mas a ajuda mútua, a troca de informações e a sinergia nos momentos de crise são fundamentais para compartilhar recursos, aumentar a solidariedade e resolver problemas no atacado e não somente no varejo. As lideranças do Grande ABC ainda têm tempo de refletir e avançar sobre essa questão. Assim como as demais regiões do Estado, especialmente as costumeiramente mais afetadas, como o Vale do Paraíba, e cidades com maior chance de repetição de enchentes.

Álcool entre jovens

O governo do Estado anunciou nesta semana o Programa Estadual de Políticas sobre o Álcool, que combaterá, prioritariamente, o uso do álcool na infância e adolescência. O governador Geraldo Alckmin assinou projeto de lei que será encaminhado à Assembleia Legislativa criando instrumentos de combate, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação para os dependentes químicos. Fiscalização e sanções também serão mais rígidas, acena o governo.

Segundo o secretário da Saúde de São Paulo, Guido Cerri, 50% dos acidentes automobilísticos, 20% das internações, 60% dos casos de violência doméstica e 50% das faltas ao trabalho têm origem no uso do álcool. E mais: 18% dos jovens entre 12 e 17 anos bebem regularmente, e o consumo tem se iniciado na faixa dos 13 anos de idade, normalmente nos próprios lares e locais públicos que toleram essa prática. Quatro entre dez menores compram livremente bebida alcoólica no comércio.

Pela nova lei, os estabelecimentos que a descumprirem, permitindo a compra e o consumo de bebidas alcoólicas por crianças e adolescentes no local, serão punidos com multas, interdição do estabelecimento por até 30 dias e perda do registro de sua inscrição junto ao cadastro de contribuintes do ICMS. Atualmente, só é possível punir os estabelecimentos se houver flagrante da venda. "Com a alteração prevista, o consumo no local também ensejará punição, o que facilitará a fiscalização".




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