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Antologia reúne histórias de vampiros
João Marcos Coelho
Especial para o Diário
15/02/2003 | 17:00
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O vampirismo é um dos temas mais recorrentes da chamada cultura popular. Desde o clássico Drácula, romance escrito por Bram Stoker em 1897, os mortos-vivos fazem sucesso não só na literatura, mas no cinema (Nosferatu, de Murnau, e Dança dos Vampiros, de Roman Polanski, entre tantos outros) e na TV (o exemplo mais recente é a novela O Beijo do Vampiro, de Antônio Calmon). São inesquecíveis para várias gerações nomes como Bela Lugosi, Christopher Lee e Klaus Kinski. Eles se alimentam – culinária e sexualmente – de sangue dos vivos e só podem ser detidos pela força da cruz cristã, afastados pelo uso de colares de alho e eliminados por balas de prata consagradas ou então estacas fincadas em seu peito de acordo com rituais.

No rastro do sucesso da novela global – anuncia-se para a próxima semana a participação certamente triunfal de Ney Latorraca encarnando a figura máxima desta mitologia, o Nosferatu –, a Ediouro lança 13 dos Melhores Contos de Vampiros da Literatura Universal, antologia organizada por Flávio Moreira da Costa (320 págs., R$ 39).

A idéia é ótima, até porque a maioria dessas histórias permanecia inédita em português (caso de O Hóspede de Drácula, de Stoker, que originalmente seria um capítulo de sua obra célebre, que acabou sendo descartada na versão final). Pena que a edição não observe alguns cuidados. Moreira da Costa dá o título de Beleza Feia à apresentação, e esclarece em nota de pé de página que o título refere-se à famosa canção Ugly Beauty, do pianista de jazz Thelonious Monk (que aparece erradamente grafado como “Theolonius”). Outros errinhos chegam a incomodar um pouco a leitura, mas não invalidam a boa idéia.

Desde o fim do século XVIII que os vampiros, horripilantes criaturas que se alimentam do nosso sangue para garantir sua eternidade, são tema de alguns dos melhores e mais refinados escritores dos últimos três séculos. O vampiro ganhou status literário, conta o organizador, só no fim do século XVIII e início do XIX. O portal de entrada para a literatura vampírica está nesta antologia: a novela Carmilla, de Sheridan le Fannu, e o conto O Hóspede de Drácula, de Stoker. Flávio usa a expressão “portal” porque o cenário é típico, com seus castelos abandonados em meio a bosques e pântanos ainda cheios de climas e superstições medievais.

Atualmente, a autora mais badalada é a norte-americana Anne Rice, nascida em New Orleans, em 1941, e mais conhecida pelo livro Entrevista com o Vampiro, de 1976, obra transformada em filme. Na antologia, ela assina O Senhor de Rampling Gate, uma excelente história na qual o vampiro só aparece para a protagonista.

Ao final de sua apresentação, Flávio Moreira da Costa adverte num bem-humorado “Manual de Instruções: agite-se durante o uso, e se possível não leia este livro à noite; e não se esqueça de manter à mão um crucifixo, uma estaca de madeira ou uma boa quantidade de alho. Qualquer coisa, respire fundo e vá em frente, pois há uma gota de sangue em cada conto”.




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