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Garrincha dribla no cinema
Cássio Gomes Neves
Com Agências
07/01/2001 | 16:53
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Gerações mais antigas põem a mão no fogo ao afirmar que Mané Garrincha, se não foi o melhor jogador do século, foi o que produziu os mais bem coreografados dribles e passes no gramado. Essa é uma das tônicas de Estrela Solitária, filme sobre a vida e a trajetória do craque que deve chegar às telas ainda neste ano. Produzida por FAM Cine & Vídeo, a fita conta com direção de Milton Alencar Junior. Ainda não se sabe quem interpretará o craque das pernas tortas.

Há, no entanto, outra tônica na produção dado que é uma adaptação do livro homônimo assinado pelo jornalista e escritor Ruy Castro. O volume teve um parto conturbado. Em seu lançamento, nos anos 90, a família de Garrincha tentou todos os artifícios para barrar a chegada da obra às livrarias. Por quê? Castro, ao entrevistar mais de 150 pessoas para a biografia, desmitificou o craque e lhe conferiu fragilidade humana, ao revirar a vida de Mané e sua derrota frente ao alcoolismo.

É nessa balança que se desenvolve o filme de Alencar, expondo o Garrincha mito, idolatrado no território nacional, e o Garrincha homem, em acelerada decadência. Franqueza que não era propósito em outros filmes que retrataram o Mané canonizado. Em 1962, Joaquim Pedro de Andrade fez Garrincha: A Alegria do Povo, documentário essencial para testemunhar o relacionamento entre Mané e a bola. Na década seguinte, em 1978, Fábio Barreto dirigiu Mané Garrincha.

E Garrincha até se arriscou como ator ao fazer uma ponta especial em Asa Branca, um Sonho Brasileiro, de Djalma Limongi Batista, produção que mostrava Edson Celulari no papel de um aspirante a jogador de futebol.

O enredo de Estrela Solitária começa a ser tecido no Carnaval de 1980, quando Garrincha desfilou como destaque da escola de samba Mangueira. A realidade, a memória e o delírio são os três vértices visíveis na narrativa, que recorre a meia dúzia de personagens que foram peças-chave em sua carreira. Além de Nilton Santos, parceiro no Botafogo e na Seleção Brasileira, e Elza Soares, cantora que viveu durante 14 anos ao lado de Garrincha, há mais quatro pessoas na órbita do astro. Desde os companheiros de várzea Pincel e Suingue – ambos de Pau Grande, cidade natal do ídolo do Botafogo – até Iraci, amante, e Sandro Moreyra, jornalista que catalogou praticamente todas as pegadas do jogador dentro do campo.

O filme de Alencar, orçado em R$ 4,5 milhões, percorrerá as mais diversas locações. Contará com filmagens em Pau Grande (onde nasceu Garrincha), Cabo Frio (para reconstituir o Carnaval carioca antes do Sambódromo), Suécia e Chile (cenários das duas conquistas que inauguraram a galeria de títulos brasileiros em Copas do Mundo), além da Itália, palco do ostracismo de Garrincha, sustentado graças a um estágio no Instituto Brasileiro do Café. O apoio institucional a Estrela Solitária foi assumido pelo clube Botafogo, pela Mangueira e pela Bolsa de Valores do Rio.




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