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Indústria é o destino de 87% dos investimentos da região
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
05/07/2005 | 08:05
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Evasão industrial, queda contínua na geração de riquezas e desaparecimento de mais de 100 mil empregos industriais. Esses graves problemas econômicos que atingiram o Grande ABC a partir dos anos 90 não foram suficientes para diminuir a importância da indústria como âncora da economia regional, principalmente a indústria automobilística e sua cadeia.

O segmento foi, de longe, o principal responsável pela atração de recursos nas sete cidades do Grande ABC nos últimos anos. Estudo da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) aponta que, entre 1996 e julho de 2004, foram anunciados US$ 13,8 bilhões em investimentos privados na região, dos quais US$ 12 bilhões (ou 87% do total) são de indústrias.

Esses valores significam 25% do total recebido pela Grande São Paulo e 8% aplicados no Estado no período. Anualmente, a média investida na região chega a quase US$ 2 bilhões. Em 2003, por exemplo, chegaram a US$ 1 bilhão.

Na avaliação dos economistas da Fundação Seade, as perspectivas são de manutenção desse patamar de atração de recursos para os próximos anos, já que o potencial industrial local é enorme. No início deste ano, a General Motors anunciou que aplicará R$ 650 milhões para produzir o novo Vectra em São Caetano.

A linha do Fox Europa, na unidade de São Bernardo da Volks, teve a injeção de R$ 99 milhões em 2005. Com o anúncio da expansão da Petroquímica União, programada para 2007 (e que já consta do estudo do Seade), a Unipar (controladora da companhia) já planeja investir em nova ampliação da PQU para 2010, que poderá demandar cerca de R$ 2 bilhões.

  

Mais serviços – Ao mesmo tempo, o setor de serviços ganha destaque no que se refere à geração de postos de trabalho no Grande ABC. Nos primeiros cinco meses de 2005, a área de serviços foi a responsável pela abertura de 10 mil vagas, de um total de 15,7 mil empregos criados, conforme dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho e Emprego.

A explicação para o crescimento maior dos postos de trabalho na área de serviços do que na indústria é simples, segundo o chefe da divisão de Estudos Econômicos do Seade, Miguel Matteo. "Houve um processo de reestruturação intensa nos últimos anos, em que os empregos na indústria se reduziram, mas isso não significou queda da atividade industrial, que cresceu com menos postos de trabalho", afirmou, durante evento nesta segunda-feira em Santo André, para divulgar a 8ªedição do Boletim do Observatório Econômico do município.

Matteo afirma que os números dos investimentos anunciados mostram que há uma tendência de manutenção da estrutura produtiva regional, que tem ênfase na atividade industrial. No entanto, segundo ele, a manutenção da força da indústria em termos de investimentos e arrecadação se insere em quadro crescente de terceirização e de aumento da produtividade, por meio da automação industrial e outras formas de modernização tecnológica.

Dos US$ 13,8 bilhões recebidos, 86,6% dos investimentos (US$ 10,3 bilhões) estão associados a segmentos que envolvem média e alta intensidade tecnológica. Outro estudo da fundação, a Paep (Pesquisa da Atividade Econômica Aplicada), que reúne dados relativos ao período 1996-2001, apontava que as indústrias da região como mais intensivas em tecnologia do que a média estadual.

O diretor adjunto do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Santo André, Shotoku Yamamoto, concorda com a avaliação do Seade. Ele considera que um movimento de êxodo de indústrias da região de décadas passadas já se encerrou e que tem havido crescente terceirização e produção modular. "Muitas fornecedoras da Volks se instalaram dentro da planta da montadora", lembra o dirigente.

Setores – A atividade industrial da região representou 12% dos investimentos do Estado e 53,2% da Região Metropolitana. Dentro dos segmentos industriais, no período entre 1996 e 2004 foram destinados US$ 7,06 bilhões na área automobilística, ou 51,3% do total. O valor representa 37,6% do total alcançado pelo segmento em todo o Estado. Destacam-se no período investimentos de Volkswagen (US$ 2,23 bilhões), DaimlerChrysler (US$ 1,2 bilhão), General Motors (US$ 1,1 bilhão) e Ford (US$ 650 milhões) para a ampliação e modernização de suas unidades locais.

Em segundo lugar no Grande ABC, aparece a indústria química (em especial a petroquímica), com US$ 2,4 bilhões. A maioria desses recursos, US$ 959,13 milhões, destinou-se à expansão da Petroquímica União, seguida pela ampliação da Polibrasil (US$ 595 milhões). No ramo de petróleo e álcool, outro destaque foram os US$ 450 milhões anunciados pela Petrobras para ampliar a Recap (Refinaria de Capuava).




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