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Garotinho vive incerteza sem o PDT
Por Do Diário do Grande ABC
18/11/2000 | 13:45
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O governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho, que desfiliou-se do PDT, espera ir para o PSB, mas seu destino depende de fatores como a reforma política.

O risco de os governistas na Câmara dos Deputados tentarem votar até 15 de dezembro a reforma, que ameaça o futuro dos pequenos partidos, como o PSB, leva auxiliares do governador a dar como pouco provável que seja traçado antes da data o rumo de Garotinho e dos mais de 11 mil seguidores que saíram com ele do PDT, na quarta-feira.

Garotinho saiu do partido junto com 15 dos 17 deputados estaduais que eram do PDT, quatro dos sete federais da legenda no estado, técnicos qualificados que deram às costas ao brizolismo e promessas de apoio de mais de 30 prefeitos pedetistas recém-eleitos. Para evitar a dispersao da dissidência enquanto decide seu futuro partidário, Garotinho quer que ela funcione como partido e consume o racha com o PDT em outros estados.

O governador tem a opçao de ir para o PSB ou criar um novo partido, idéia que nao empolga os ex-pedetistas. Um dos opositores é o secretário estadual de Transportes, Luiz Alfredo Salomao. ``É uma aventura complicada', diz. Salomao tem um estudo sobre as dificuldades para a fundaçao de legenda com chances de ter bom desempenho em 2002, quando Garotinho deverá disputar a reeleiçao.

A tendência do governador é apostar no PSB, mas sem jogar todas as fichas nessa opçao. De acordo com um auxiliar de Garotinho, ele gostaria de decidir logo o rumo partidário porque quer mostrar, já no início de 2001, feitos administrativos no horário partidário na tevê. Mas, em meio a juras de amor ao PSB, ex-pedetistas recomendam prudência quanto ao risco de a legenda vir a se defrontar com obstáculos de difícil transposiçao se a reforma impuser a cláusula de barreira aos partidos já em 2002, como quer o governo.

As dificuldades que o PSB pode ter pela frente, com a imposiçao de exigência eleitorais de difícil cumprimento em todo o país pelos pequenos partidos, sao reconhecidas pelo deputado federal Paulo Baltazar. ``Mas a entrada de Garotinho seria um ganho nesse sentido', observa o socialista, dizendo que isso faria o partido crescer. Além do PSB e de um novo partido, nao sao descartadas por Garotinho, segundo um auxiliar, quatro hipóteses, mais trabalhosas _ tentar o PMDB, o PV, o PC do B ou brigar pela legenda do PDT, se a sigla se fundir com a do PTB.

Cientista vê desconfiança

Segundo o cientista político Joao Trajano Sento-Sé, coordenador dos programas de pós-graduaçao em Ciências Sociais da Uerj, a vontade de Garotinho de ir para o PSB nao é correspondida à altura pela direçao nacional do partido.

O motivo, segundo ele, é ``o grande cacife do governador, hoje, é a máquina do governo. Para um partido como o PSB, é complicado. As pessoas acham que ele vai entrar para tomar conta.'

O cientista acrescenta outro motivo: O governador nao tem imagem tao positiva quanto a que exibia ao se eleger, por ter cometidos erros. O deputado federal Alexandre Cardoso, presidente estadual do PSB, nega resistências da direçao a Garotinho. Para Cardoso, a filiaçao é questao de tempo, necessário à rearrumaçao pelo país de alianças e desavenças entre socialistas, ex-pedetistas e o resto da esquerda.

Na avaliaçao de Sento-Sé, que estudou o brizolismo para tese de doutorado, as dificuldades de Garotinho para tomar rumo partidário indicam que ``ele está errante num cenário político indefinido', marcado pelo declínio do PDT, pelo malogro eleitoral do PT e pela volta triunfal de César Maia (PTB). ``O governador está se virando para transmitir força política, usando métodos tradicionais, como a promoçao de grandes eventos'.




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