As especulaçoes de que um ato criminoso possa ter provocado a tragédia aproximou o FBI (polícia federal americana) da chance de assumir a investigaçao realizada até agora pela Agência Nacional para a Segurança nos Transportes (NTSB).

A possibilidade de transferência da investigaçao para o FBI frustrou as instâncias das autoridades egípcias, para as quais as especulaçoes sobre um ato criminoso sao prematuras.

Espera-se que uma equipe adicional de especialistas egípcios chegue esta quarta-feira aos Estados Unidos para fazer novas análises na gravaçao das conversaçoes na cabine do Boeing 767 da EgyptAir contidas nas caixas-pretas.

Uma das principais discordâncias na forma como especialistas árabes e norte-americanos interpretam as vozes e ruídos gravados está em uma oraçao muçulmana supostamente pronunciada por um terceiro piloto antes da tragédia.

O The New York Times informou esta quarta-feira - citando fontes do governo americano - que a voz pertence ao piloto substituto Gamil al-Battouti, que teria servido na Força Aérea Egípcia. Battouti teria ficado sozinho na cabine depois que o piloto saiu quando o aviao atingiu a altitude de cruzeiro. Acredita-se que o co-piloto também tenha deixado a cabine e aumentam as especulaçoes de que teria havido uma luta na cabine antes do acidente.

Os dois homens que deviam estar no controle quando o aviao caiu no mar eram o capitao Ahmed al-Habashi, 57 anos, e seu co-piloto, o primeiro oficial Adel Anwar, 36 anos, disse o chefe dos pilotos dos Boeing 767 da EgyptAir, capitao Rushdi Zakariya.

Segundo um alto funcionário da EgyptAir no Cairo, como piloto substituto, Battouti devia assumir o controle do aviao no meio do percurso entre Nova York e a capital egípcia. O funcionário descartou a possibilidade de que Battoutti tivesse trocado de lugar com o co-piloto antes da decolagem.

Os investigadores norte-americanos acreditam que a reza atribuída a Battouti pode indicar que a razao do acidente foi um ato suicida. Esta versao é repudiada pelas autoridades egípcias, que consideram que o piloto substituto fez uma oraçao muçulmana que qualquer pessoa faria em uma situaçao similar.

Momentos depois da oraçao, o piloto automático foi desligado, os dois motores foram apagados e minutos depois alguém entrou na cabine. Ouve-se uma voz dizendo ``O que está acontecendo? Levanta! Levanta!'

Foi neste ponto que os elevadores direito e esquerdo da cauda, que fazem com que o aviao suba ou desça, se movimentaram em direçoes opostas. Normalmente os dois se movimentam juntos.

Outra hipótese formulada pelos investigadores, é a de que um piloto possa ter tentado desesperadamente levantar o aviao quando este caía, enquanto o substituto estaria empurrando os controles do aviao para baixo.

Na queda, os controles dos motores foram postos na posiçao de apagados, indicando possivelmente que a queda-de-braço terminou quando um dos homens apagou os motores.

Os investigadores nao mencionaram motivos que teriam levado Battouti ao suicídio, mas o jornal The Washington Post informou que ele tinha uma filha de oito anos, gravemente doente, que está em tratamento com um reumatologista em Los Angeles.

Segundo o jornal, funcionários do Centro Médico da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA), onde a menina recebeu tratamento, se negaram a identificar a doença, mas disseram que ela passou um bom tempo no Centro Médico e que nos últimos meses havia tido uma melhora notável.

De acordo com o Post, os investigadores estao pouco seguros sobre quem estaria na cabine antes da tragédia. Fontes ligadas à investigaçao destacaram que pelo menos oito pessoas poderiam ter pilotado o aviao: os quatro tripulantes a bordo e outros quatro pilotos que estavam entre os passageiros.