Economia Titulo Balanço
Venda de veículos novos cai 26,5% no Brasil em 2015

Durante o ano passado, 1,1 milhão de unidades deixaram de ser vendidas, o que equivale ao mercado do México

Por Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
07/01/2016 | 07:12
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Anderson Silva/DGABC



O número de veículos zero-quilômetro vendidos no Brasil entre janeiro e dezembro de 2015 é 26,55% inferior ao registrado em 2014, maior queda desde 1987. Em números absolutos, foram emplacadas no ano passado 2,569 milhões de unidades, na soma entre carros de passeio, comerciais leves, caminhões e ônibus – desempenho que recua ao patamar de 2007. Os dados são da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) e foram divulgados ontem.

Na comparação com 2014, 1,113 milhão de veículos deixaram de ser comercializados. Essa quantidade equivale à quase totalidade vendida no mercado mexicano. De janeiro a novembro de 2015, 1,135 milhão de unidades foram emplacadas no México, de acordo com a AMDA (Associação Mexicana de Distribuidores de Automóveis).

Para Octavio Leite Vallejo, superintendente do Sincodiv-SP (Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Estado de São Paulo), além do desemprego e da queda no poder de compra da população, a insegurança em relação ao futuro da economia brasileira é uma das principais responsáveis pela retração no setor automotivo. “Imagine a situação na qual você está empregado, mas sua namorada foi demitida, o cunhado está em lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho), o vizinho está em férias coletivas e o primo está com os salários atrasados na empresa. Você compraria um carro em cenário como esse?”, exemplifica.

No Grande ABC, segundo revendedores ouvidos pelo Diário, a queda nas vendas de carros zero-quilômetro foi ainda maior. Na Fiat Paulitália, em Mauá, a retração foi de 50%, segundo o gerente Paulo Destro. “O que está salvando a loja são os seminovos, que tiveram crescimento de 20% a 30% em 2015”, comenta.

Na Chevrolet Primarca, de São Caetano, o gerente de vendas Marcos Capuano estima que, no ano passado, o número de veículos novos comercializados caiu 40% ante 2014. Ele acrescenta que, proporcionalmente, os carros populares, na faixa de R$ 40 mil, foram os que tiveram retração mais acentuada. “Para esse público, se não houver desconto, taxa zero ou algum tipo de brinde, não tem negócio.”

Vallejo complementa: “Os consumidores dessa faixa de renda são os que precisam bater às portas do banco e que poderão ter o financiamento negado. Por medo da inadimplência, as instituições financeiras estão restringindo o crédito. Já o pessoal com poder aquisitivo mais elevado compra à vista ou, em caso de parcelamento, tem mais facilidade na aprovação.”

Na unidade de São Caetano da Ford Mix, a diminuição nos negócios foi de 27%. “Ainda assim, ficamos um pouco melhor do que na totalidade do grupo, que teve queda de 29%”, destaca Flávio Araújo, gerente interino da loja. Já na Volkswagen Savol de Santo André, as vendas foram de 25% a 30% menores do que no ano anterior, segundo o gerente Daniel Menezes.

CARGAS - Os caminhões foram os veículos que apresentaram maior recuo proporcional no total de emplacamentos em 2015: -47,62% ante 2014. “Isso é reflexo da queda na atividade econômica nacional. A produção em geral caiu, logo, há quantidade menor de cargas a ser transportada. Isso diminui a demanda por veículos”, avalia Vallejo. Já o total de ônibus vendidos no ano passado foi 36,57% inferior a 2014. O Grande ABC é fortemente afetado pela queda nas vendas de veículos pesados. Isso porque a região conta com três montadoras que atuam neste mercado, Mercedes-Benz, Scania e Ford, todas com sede em São Bernardo. Sem contar outras dezenas de fábricas que fornecem peças para essas empresas, o que gera impactos em toda a cadeia, como a perda de empregos.




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