As preces da população paulista para que a estiagem dê uma trégua vêm sendo atendidas e o Sistema Rio Grande, tido como alternativa para amenizar o problema do abastecimento de água no Estado, deve atingir 100% de capacidade até o fim deste ano, se mantido o ritmo de chuvas atual. Ontem, segundo o boletim de situação dos mananciais, divulgado diariamente pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), o braço da Represa Billings operava com 92,2 %, sendo o manancial em melhor condição, seguido do Guarapiranga, com 85,9 %.

Em 31 de outubro, o Rio Grande contava com 86,6% do volume armazenado, aumentando 5,6 pontos percentuais nos primeiros 13 dias de novembro. Se dentro de duas semanas o clima for similar, antes do dia 30 alcançará quase 98%. A pluviometria acumulada no mês está em 84,6 milímetros e a média histórica é de 139,7 milímetros.

Segundo o meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) Marcelo Schneider, o volume de chuvas tem base na influência do El Niño, que está em curso no Oceano Pacífico Equatorial. O último evento de forte intensidade aconteceu em novembro de 1997, quando observou-se chuva bem acima do normal no Estado, com precipitação de 220,1 milímetros. “No mês passado teve o bloqueio do ar quente e seco, choveu menos e teve muita evaporação. Agora a tendência é que continue quente, mas tenha mais umidade”, explica. “Eventualmente, quando vem uma frente fria no oceano, ela traz um pouco de umidade do mar e, ao mesmo tempo, encontra o ar quente, não tão úmido, mas não tão seco como estava acontecendo no ano passado. Também com alguma umidade vinda do Norte, é assim que as chuvas se formam aqui no Estado.”

Ainda de acordo com o especialista, para dezembro e janeiro a tendência é que as precipitações fiquem ligeiramente acima da média, mas “não exatamente no mesmo padrão”. “E provavelmente fevereiro seja bem mais chuvoso”, salientou.

O manancial Rio Grande produz 5.000 litros de água por segundo e abastece 1,5 milhão de pessoas em Diadema, São Bernardo e parte de Santo André. Até o fim do mês é esperada a transferência de 4 m³/s de água do sistema para o Alto Tietê, que ontem operava com apenas 15,2% de sua capacidade. A ação deveria estar em funcionamento desde o início de outubro, porém, após alagamento em ruas de Ribeirão Pires, o bombeamento máximo está atualmente em 2 m³/s, até que o Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica) conclua a intervenção no Ribeirão Taiaçupeba-Mirim para adequar o sistema.