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Etanol tem o maior
reajuste em 9 anos
Por Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
30/08/2011 | 07:06
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Enquanto usineiros, distribuidoras e postos de combustível não se entendem, quem paga a mais pelo etanol é o consumidor. Na região já compensa para o motorista abastecer com gasolina, com maior eficiência energética sobre o álcool. Prevendo desabastecimento, o governo anunciou ontem a redução do percentual de etanol anidro - usado na mistura com a gasolina - de 25% para 20%. A medida vale a partir de 1º de outubro e visa evitar a falta de álcool no mercado.

No fim de semana, postos reajustaram o litro em R$ 0,10 na região, tornando-o quase 6% mais caro. O álcool passou a custar R$ 1,89, em média. E a tendência é de novas altas, afirmam donos de postos ouvidos pela equipe do Diário, que culpam usinas pelos aumentos.

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da USP, aponta que o etanol encareceu 28,8% desde maio na produção, provocando aumentos em cadeia nas bombas. Comparando com um ano atrás, subiu 48,92% na produção: de R$ 0,83 para R$ 1,24. Esse valor é o maior desde que começou o levantamento, há nove anos.

O presidente do Sindicato do Comercio Varejista de Derivados do Petróleo da região, Toninho Gonzalez, diz que o álcool encarece semanalmente, à média de R$ 0,04. "Não irá parar." A gerente de um posto em São Bernardo, Vivian Millon, concorda. Ela não sabe em quanto irá aumentar, a certeza é que correções virão. Em Mauá, postos já passam a cobrar R$ 1,99 pelo litro do combustível.

O proprietário de um postos andreense, Eugênio Bianchi, não conseguiu segurar os preços na bomba. No balanço, as vendas entre os dois combustíveis está no meio a meio. "Fala-se que até o fim do ano teremos muito pouco álcool."

Quem não tinha corrigido preços, agora irá reajustar. Em Diadema, que até então tinha um dos litros mais baratos, também já cobra R$ 1,89.

Em meio à escalada nos preços e com tendência de novos aumentos, o combustível da vez é a gasolina, que tende a encarecer para acompanhar as altas do renovável. O objetivo é evitar que o etanol fique parado nas bombas. "Há um ano, 80% de tudo o que vendia era etanol. Em setembro, já vai atingir 70% de gasolina e o restante em álcool", diz Gonzalez.

Esse cenário já é realidade em outros estabelecimentos. O proprietário de posto são-bernardense Dener Gabriel diz que, além dos atuais R$ 0,10 repassados, haverá nova correção na próxima semana. Cerca de R$ 0,08 ou R$ 0,09, diz. Faz um mês que ele vende mais gasolina. "O aumento galopante é por conta das usinas, e o governo perdeu o controle sobre os usineiros."

 

Fraco desempenho da indústria motivou ação do ministério

A decisão do governo de reduzir em cinco pontos percentuais a mistura de etanol anidro na gasolina, para 20%, é motivada pelo risco de desabastecimento até o fim do ano. A Unica diz que a produção de álcool está em queda. O menor volume comercializado (na primeira quinzena somou 8,13 bilhões de litros, 16,11% a menos sobre o mesmo período passado) é reflexo de fracos resultados nas venda do renovável.

O ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, disse que a mudança ocorre em 1º de outubro, por tempo indeterminado. "Verificamos que a safra do próximo ano não será muito melhor do que a atual." O financiamento de estocagem do álcool também será adotada e depende do aval do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Lobão diz que a previsão é de que as medidas sejam anunciadas nos próximos dias.




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