Bruno tentou se distanciar em seu discurso dos aspectos emocionais que deram o tom das falas que o antecederam, entre os quais o prefeito João Avamileno, que chorou. O irmão caçula de Celso apontou indícios de erros no trabalho da polícia, e disse que seu irmão teria sido torturado. “Além dos tiros, o Celso morreu em decorrência de traumatismo craniano. Houve tortura. É bom que todos saibam disso”, afirmou.
O professor atacou as pessoas que vinculam os protestos da família à dor da perda de Celso, uma linha de discurso adotada por vários dos presentes ao ato, como o deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) e o chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho. “Têm má fé também aqueles que dizem que a família não aceita a versão comum por causa da dor que sente. Apesar da dor, a família busca a verdade, seja ela qual for. Nenhum motivo justifica esconder a verdade.”
Após sua fala, Bruno foi aplaudido de pé pelo público e autoridades presentes. O professor não resistiu e também foi às lágrimas ao lado da mulher, Marilena Nakano, da irmã Maria Clélia e da mãe, Lourdes (a primeira filiada do PT de Santo André). A emoção entre os familiares de Celso era forte. Durante todo o ato ecumênico, Maria Cléia não parou de chorar.
Mas os aplausos não foram unânimes. Quem não disfarçou o constrangimento foi Ivone, que se recusou a bater palmas após a fala de Bruno. Ela disse que a família está “muito suscetível a qualquer coisa”. “Eu tenho o mesmo interesse que eles. Se há alguma coisa, que seja esclarecida. E se eles entenderam mal, é uma questão deles. Eu disse o seguinte: para sobreviver, eu trabalho com os fatos que nós temos até agora.” Sobre os aplausos, Ivone explicou a indiferença: “eu não vim aqui para aplaudir ninguém.”
Constrangimentos à parte, o clima durante a cerimônia foi de muita emoção e boa parte das 2,5 mil pessoas que participaram do ato ficou com lágrimas nos olhos.
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