Política Titulo Mais verba
Marinho pede mais R$ 4,5 milhões para tentar concluir museu

Prefeito busca um novo aditamento contratual;
polêmica obra segue paralisada e está atrasada

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
06/04/2015 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


O governo do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), pediu ao governo federal mais R$ 4,5 milhões para concluir o Museu do Trabalho e do Trabalhador, que terá como principal homenageado o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), padrinho político do chefe do Executivo são-bernardense.

Localizada em uma região nobre de São Bernardo – o antigo mercado municipal, em frente ao Paço –, a obra já consumiu R$ 18,8 milhões em dinheiro público e está paralisada desde o fim do ano passado, com atraso na entrega em pelo menos dois anos. O empreendimento é tocado pela Construções e Incorporações CEI, empresa investigada por utilizar de laranja como dono.

Ofício encaminhado pelo governo petista à gestão da presidente Dilma Rousseff (PT) solicita transferência de R$ 4,5 milhões, sendo que R$ 3,6 milhões seriam de aporte da União e R$ 906 mil como contrapartida municipal. O pedido ainda está em análise no Ministério da Cultura.

A Prefeitura de São Bernardo não se pronunciou sobre novo aditamento – R$ 800 mil adicionais, não previstos no contrato inicial, já foram liberados pelo governo federal. A estimativa era entregar o museu em janeiro de 2013. Novos prazos já foram colocados e descumpridos. Para maquiar o atraso, o governo Marinho rasurou placas indicativas da obra, apagando a data do início dos trabalhos.

O convênio com o governo federal tem validade até o meio deste ano. Paralisado, o projeto tem muitos pontos a serem feitos. A estrutura foi erguida, mas o entorno está tomado pelo mato alto e por materiais de construção despejados.

Marinho anunciou o desejo de erguer museu no antigo mercado municipal em 2011, e, à época, a intenção causou polêmica. Até mesmo governistas não enxergavam necessidade de construção de museu voltado às causas trabalhistas, com intuito claro de enaltecer a trajetória política e sindical de Lula nas décadas de 1970 e 1980. Marinho contou à ocasião com apoio da então ministra da Cultura, Marta Suplicy (PT) – hoje a petista é senadora e está de saída do PT; o ministro é Juca Ferreira.

LARANJA
O contrato entre a Prefeitura de São Bernardo e a Construções e Incorporações CEI está sob investigação do Ministério Público por suspeita de fraude na montagem do quadro societário da firma.

Em setembro de 2013, o Diário mostrou que sócio da Construções e Incorporações CEI era eletricista desempregado, que morava na periferia de Diadema. Provável laranja, Erisson Saroa Silva possuía R$ 10,4 milhões em participações da empresa – a outra metade pertencia a Elvio José Marussi, de fato o responsável pela companhia. Quando questionado sobre a quantia que detinha na empresa, Erisson se espantou.

Outro indício de irregularidade na obra ocorreu em julho deste ano. O TCE (Tribunal de Contas do Estado) condenou a licitação e o consequente contrato entre governo Marinho e Construções e Incorporações CEI. 




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