O governo do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), recuou no plano de corte da parte de merenda nas escolas da rede municipal e começou a, silenciosamente, repassar integralmente a alimentação para algumas escolas da região do pós-Balsa, nas proximidades do Riacho Grande, justamente as primeiras unidades que revelaram ao Diário a implementação da proposta restritiva de refeições.

A informação foi passada por pais de alunos e professores, que confirmaram aviso enviado diretamente da Secretaria de Educação, um dia após Marinho iniciar o processo de exoneração da chefe da Pasta, Cleuza Repulho (PT).

Comenta-se pelos corredores do Paço que o veto à medida foi adotado após a ampla repercussão negativa do caso. A princípio, a cúpula do governo Marinho não pretendia derrubar a implementação do plano, mas diante da pressão, inclusive de lideranças do PT, a administração decidiu por recolocar alimentação completa aos 80 mil anos da pré-escola do Ensino Fundamental, que abrange crianças de 5 a 10 anos. Alguns vereadores teriam sugerido pedido de desculpas à população.

De acordo com informações de pessoas ligadas ao Executivo, Marinho está em viagem e que demais decisões envolvendo a merenda serão tomadas após o Carnaval. Entre elas, o desligamento de Cleuza à frente da Educação. Conforme o Diário informou na sexta-feira, o chefe do Executivo já trabalha a demissão da petista, aguardando apenas o melhor momento político.

Para o oposicionista e principal crítico ao comando do setor da Educação, Julinho Fuzari (PPS), o recuo de Marinho demonstra fragilidade do governo. “Essa atitude simboliza, para mim, que a administração admite seu erro. Fico contente em constatar que a ação foi revogada, principalmente por mostrar que estávamos certos em não acatar essa medida absurda”, pontuou.

Por outro lado, o popular-socialista sinalizou que não deixará de pressionar a Prefeitura até sacramentar retorno da totalidade dos alimentos nas unidades escolares. “Nossa empreitada vai até conseguir a todas as escolas o direito da alimentação justa. Tem de haver igualdade. O governo terá de consertar seu equívoco, seria melhor se fosse admitindo, mas não creio”, disse.

CASO

No dia 5, os 80 mil alunos da rede municipal iniciaram as aulas do ano letivo com parte da merenda excluída. Os estudantes do período matutino perderam o café da manhã e os do vespertino, o almoço.

A administração Marinho justificou que a restrição foi adotada no sentido de conter desperdício de alimentos em algumas unidades e combater obesidade infantil, baseado em estudo na cidade.