A violência ocorrida no dia 26 envolvendo mais de 100 jovens no Centro de Diadema trouxe à tona um problema que a região viveu na década de 1990 e que se repetiu no ano passado entre emos e amantes do hip hop: as brigas entre gangues. Grupos de adolescentes que se identificam como famílias tentaram se enfrentar em um tumulto que se tornaria generalizado não fosse a intervenção da Polícia Militar e da GCM (Guarda Civil Municipal).

Sem ideologia alguma e com o único objetivo de arrumar confusão, as famílias são identificadas por meio de bonés com bordados que imitam letras pichadas em muros e paredes da cidade.

O principal meio de comunicação utilizado por integrantes de gangues rivais é a internet. Em especial, sites de relacionamento, como o Orkut.

Na tarde da quinta-feira, uma semana depois do conflito, a reportagem do Diário encontrou, na Praça da Moça, quatro dos adolescentes que estavam na confusão e foram parar na delegacia. Receosos, eles foram comedidos ao dar as declarações. Afirmaram que a maioria dos integrantes dos grupos são moradores da periferia, gostam de funk e se reúnem para arrumar confusão. "Não precisa motivo para brigar. Passar ao lado de um integrante de outra família já é suficiente", disse um dos adolescentes.

Outro jovem, que jura não fazer parte de nenhuma gangue, disse que os grupos existem há cerca de um ano e são formados, na maioria, por moradores de Diadema. "O pessoal das famílias sempre se encontra às quintas-feiras, mas nunca aconteceu de ter confusão como na semana passada", afirmou.

De acordo com o adolescente, há muitas famílias, cada uma com mais de 30 integrantes. Entre as mais populares estão Gryngos, Bang Loko, Tipo Colômbia, Coringa, MDL e Terremoto.

Mas as gangues são unânimes ao afirmar que os mais odiados são os emos, da Emocore, considerados "intrometidos" e "arrogantes" pelas demais famílias. "Eles adoram fazer fofocas e se acham os melhores", disse outro adolescente.

Internet - Os grupos utilizam sites de relacionamento para se comunicar. A comunidade Diadema No Escuro, criada em dezembro de 2006, possui 2.187 integrantes. É lá que eles fazem enquetes, criam fóruns de discussões e marcam brigas. A da semana passada foi agendada dessa maneira.

Com linguagem cheia de gírias e palavrões, os jovens trocam informações e agressões verbais. A maior parte não se identifica. São estes também os responsáveis pela maioria dos fóruns colocados em discussão na rede.