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Domingo, 12 de Maio de 2024

Cotidiano
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Mas, afinal, o que é uma década?
Rodolfo de Souza
Para o Diário do Grande ABC
10/06/2020 | 23:55
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Nada é mais notório e indiscutível do que a passagem do tempo. O ser humano, a partir do instante em que deixa o aquático aconchego do ventre materno, ganha de presente cronômetro disparado que, maldoso como ele só, começa a contar os anos que lhe restam neste plano, que mal acabam de lhe apresentar. Logicamente que ninguém toca em assunto tão delicado e indigesto. Mesmo porque, é necessário que se viva a eternidade dos dias, em toda a sua plenitude. É preciso respirar intensamente cada porção de ar que nos cabe, sem pensar que ele carrega escondido nas entranhas o oxigênio vital que nos mantém de pé.

Acho que amanheci assim, meio propenso a reflexão sobre tudo isso. Nostálgico também, e fadado a dar um pulo lá nos desbotados dias de outrora, só para chatear. Quando começo a refletir sobre a vida e suas esquisitices, é porque o passado ronda o meu coração, com o sinistro desejo de fazê-lo doer de saudade. Por isso, acabo mesmo cercado de lembranças.

E hoje, envolto nelas, senti necessidade de dar destaque à longa jornada de cronista aqui neste precioso espaço, local onde tenho exercitado o uso da palavra para falar de política e dos seus conchavos, normalmente nefastos, que resultam no abandono do alegre povo do meu País.

Muito tenho escrito também sobre a educação, que segue devagar o seu caminho, como se fosse uma carroça com uma roda quebrada e um cavalo manco à frente.

Costumo, pois, falar das guerras travadas aqui e no mundo, tudo por causa do ser humano que o habita desde muito, e para quem devo o meu sincero agradecimento, uma vez que sua personalidade diversa fornece valioso material que transformo em texto, semana após semana. Personalidade que, aliás, sempre me coloca frente ao circunstancial, ao inusitado que me faz correr, seja lá qual for a hora, em busca da minha pena para traçar algumas linhas a respeito disso ou daquilo.

Tenho falado sobre Carnaval, sobre televisão e até sobre futebol nesses anos todos. Acompanhei, pois, com muita dedicação a vida humana em suas várias facetas. Tudo para, ao final, transformar os aspectos mais pitorescos dela em crônicas, fabuloso gênero que me permite conversar com o leitor ao pé do ouvido, e falar-lhe do cotidiano das pessoas, rico cotidiano que tão bem supre de inspiração este escritor.

E lá se vai, afinal, uma década inteira escrevendo a respeito de assuntos que me colocam, volta e meia, numa saia justa quando, em conversa, acabo dizendo sempre que já escrevi sobre o que se comenta na roda. Claro que não esperava escrever um dia sobre a peste que nos assola em momento tão crítico. Mas agora ela também se transformou em assunto para um sem fim de reflexões a respeito do tênue barbante que nos sustenta aqui.

Assusta-me, pois, pensar em quantas palavras me serviram de ferramenta de expressão nesses dez longos anos.

E fico, da mesma forma, entusiasmado quando penso que as pessoas continuarão a me surpreender e a me fornecer vasta matéria-prima para muitos textos que certamente ainda virão. 




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