Longe de Hollywood, de seus carros poderosos e atores sarados, uma outra forma de produção de cinema ganha relevo. Muitas vezes rústico, esse estilo nasce no meio das aldeias e rituais indígenas distribuídos pelo Brasil.

Os documentários produzidos pelos e sobre os seus protagonistas alcançarão agora as telonas de 112 cidades. São Bernardo está entre as oito paulistas que abrigam a 3ª edição do Vídeo Índio Brasil, que pela primeira vez deixa Campo Grande (MT) para ganhar o restante do País.

"São Bernardo virou um polo de discussão da questão indígena. A cidade entrou no circuito por causa do trabalho da semana de povos indígenas que já realizamos há cinco anos", afirma João Pires, chefe da divisão de fomento e difusão na cidade.

Os 15 filmes serão exibidos, a partir de amanhã até o dia 7, em oito cineclubes do município, com entrada gratuita. Os endereços dos locais de exibição podem ser conferidos no site www.saobernardo.sp.gov.br

Segundo Pires, "a grande importância do evento é colocar a questão indígena como parte constituinte do patrimônio brasileiro, trabalhando com a democratização do acesso da população a essas informações, produções e culturas".

Com o objetivo de estimular o respeito, preservar e valorizar a diversidade da cultura indígena, a mostra se volta, principalmente, para estudantes e universitários.

Pires explica que as produções estão divididas em duas linhas. A primeira mostra como os próprios índios veem sua história, suas lendas e seus mitos. Já a segunda aproxima a questão social e sociológica dos índios com o mundo contemporâneo.

Ganhador de diversos prêmios, Imbé gikegü - Cheiro de Pequi é um dos exemplos do primeiro grupo e traz os realizadores kuikuro contando uma história de perigos e prazeres, de sexo e traição.

Um dos representantes do segundo bloco é Pi'õnhitsi, Mulheres Xavante sem Nome, que aborda o ritual de iniciação feminina, encarado como tabu dentro da própria aldeia. No filme, os jovens e os mais velhos debatem sobre as resistências para a realização desta festa.