Ainda se habituando à rotina parlamentar, o vereador de São Bernardo Marcos Lula (PT), filho do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não encaminhou nenhum projeto de lei à Câmara. Ele pretende levar ao Legislativo a possibilidade de São Bernardo ser reconhecida como estância turística. O tema foi a principal bandeira do petista na disputa eleitoral do ano passado.

Atualmente, 67 municípios se enquadram nesse perfil, divididos em quatro tipos: estâncias turísticas, balneárias, climáticas e hidrominerais. No Grande ABC, apenas Ribeirão Pires é reconhecida como estância turística.

Cauteloso, o petista evita falar em prazo para levar a proposta ao plenário da Câmara. "A bancada do PT está discutindo as propostas dos vereadores para definir aquilo que pode ser trazido para discussão", disse o parlamentar, sem detalhar a proposta.

Tramita na Assembleia Legislativa desde junho de 2012 projeto de lei da deputada estadual Ana do Carmo (PT) para transformar São Bernardo em estância turística. O projeto foi redigido em conjunto com Marcos Lula.

Ele atuou como diretor do departamento de Turismo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, mas deixou o posto para pleitear assento na Câmara.

Se for denominada estância de turismo, São Bernardo pode ser incluída no fundo estadual de repasses, destinado aos municípios com essa classificação. Neste ano, a previsão dos repasses é de R$ 285 milhões, por meio do Dade (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias).

Os municípios que se enquadram têm direito a convênios especiais com o governo do Estado para investimentos apenas em obras de infraestrutura, que variam de R$ 2 milhões a R$ 30 milhões anualmente. Mas a possibilidade de São Bernardo ser estância turística depende muito mais de ações da Prefeitura, que tem de atender às exigências de lei estadual, do que do Legislativo.

Marcos Lula foi eleito com 3.882 votos em sua segunda candidatura a vereador. Filho do primeiro casamento da ex-primeira-dama do Brasil Marisa Letícia e reconhecido como filho pelo ex-presidente, Marcos disputou a vereança em 2008, mas teve o registro impugnado pela Justiça Eleitoral, que classifica inelegíveis parentes até segundo grau do presidente da República, naturais ou por adoção.

Na época, Lula exercia o segundo mandato no Palácio do Planalto. Marcos tentou reverter a situação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas não teve sucesso. Os 2.975 votos conquistados não foram computados.

Ano passado, o cacique petista atuou pessoalmente pela eleição do filho. Ainda em tratamento de um tumor na garganta, Lula fez a primeira aparição na campanha no fim de julho, na inauguração do comitê de campanha do filho. Desde que assumiu o mandato, em 1° de janeiro, Marcos disse que não conversou com Lula sobre sua atuação na Câmara. "Ainda não deu tempo. Ele (Lula) tem seus compromissos e está sempre viajando", disse.