Setecidades Titulo Segurança
Polícia apreende
8 kg de drogas por dia

Números da corporação e da SSP mostram que o volume de
entorpecentes apreendidos aumentou 32% em relação a 2011

Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
31/01/2013 | 07:00
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As polícias Militar e Civil do Grande ABC apreenderam no ano passado média de oito quilos de drogas por dia. No total, são 735 quilos a mais na comparação com 2011, segundo dados fornecidos pela corporação e a SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública).

O aumento na quantidade apreendida de drogas nas sete cidades entre os dois anos foi de 32,41%. Um quarto das autuações por tráfico foi na Grande São Paulo foram na região.

O resultado reflete no número de prisões registradas. A Polícia Militar divulgou que, em 2012, foram 462 autuações feitas em flagrantes por tráfico de drogas. No ano anterior, o número era de 385.

Ao todo, as delegacias, especializadas ou não, registraram 158 ocorrências a mais sobre venda de narcóticos na comparação com 2011.

"O que aconteceu é que intensificamos o setor de inteligência. E foi através da investigação que nossas apreensões e operações acabaram dando resultado", destacou o delegado Carlos César Rodrigues, titular da Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes) da Seccional de São Bernardo.

Novo comandante da Polícia Militar na região, o coronel Mauro Cezar dos Santos Ricciarelli confirmou que o trabalho de combate à venda de drogas foi intensificado, e continuará sendo. "O tráfico é o principal financiador do crime organizado. Se ele não acontecer, as facções perdem força. E esse é o nosso objetivo", disse.

Dados da inteligência da corporação mostram que 80% de veículos roubados ou furtados na região são recuperados próximos de pontos de venda de entorpecentes. Locais estes que, segundo o coronel, são identificados e alvos de constantes patrulhamentos das viaturas.

"Nós trabalhamos com ênfase no policiamento inteligente. Com base, locais, horários, endereços e tipos de ocorrências. Não há mais achismos, de trombarmos nas ocorrências. Mas sim áreas previamente escolhidas", apontou Mauro.

"O trabalho tem de ser assim, a Polícia Militar desmantela a venda de rua e a delegacia especializada vai atrás de quem distribui para revenda", apontou o professor especialista em Segurança Pública da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Guaracy Mingardi.

Rodrigues concorda e endossa que a apuração pode demorar meses para ser concluída. "O trabalho de inteligência visa prender aquele traficante que está em grau mais elevado na hierarquia do tráfico, fazendo com que pare de cativar aquele adolescente para o trabalho nesse tipo de atividade", completou o delegado.


Meta para este ano é intensificar fiscalização

O trabalho de combate às drogas deve ser ainda mais intenso neste ano. A promessa é do delegado seccional de São Bernardo, Waldomiro Bueno Filho, que após assumir o posto, há duas semanas, disse que uma das metas é reforçar o trabalho da Dise na cidade.

"A gente sabe que São Bernardo tem grande problema com a venda de drogas. E vamos atuar em cima, reforçando a Dise e buscando mapear e combater todos os pontos de vendas", disse. Na Polícia Militar, a meta será a adoção de operações específicas e o constante patrulhamento dos pontos identificados pela corporação como locais onde ocorre a venda de entorpecentes.

"O problema é que hoje eles (traficantes) não se preocupam mais em esconder. A marginalidade está muito ousada e combatendo o tráfico atingimos o crime organizado. É uma questão essencial", completou o coronel Mauro Cezar dos Santos Ricciarelli, comandante da Polícia Militar no Grande ABC. "Vamos marcar presença e fazer com que eles se sintam acuados."

O professor Guaracy Mingardi, entretanto, faz um alerta para que o trabalho tenha maior rendimento. "Prisão é importante, claro, mas é mais importante buscar quem conduz a droga, não quem vende. Senão você vai só encher a cadeia e dar mais gente para as facções criminosas que estão lá dentro (dos presídios) poderem recrutar ou extorquir. Tem de tirar toneladas de drogas das ruas."


Tráfico faz número de detentos na região aumentar

A atuação mais incisiva das polícias no combate ao tráfico de drogas reflete nos dados dos presídios da região. Segundo dados da Defensoria Pública do Estado, cerca de 30% dos 6.548 detidos nos CDPs (Centros de detenção Provisória) da região (em Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá) são por flagrante em tráfico de drogas.

A situação é ainda mais conflitante entre as mulheres. O órgão informa que em levantamento verificou que metade das 104 detidas na carceragem feminina do 7º DP (Taboão) de São Bernardo foi presa por envolvimento no comércio ilegal de entorpecentes.

Uma pesquisa do NEV (Núcleo de Estudos sobre Violência) da USP (Universidade de São Paulo) de 2012 mostra que a maioria dos homens (67,8%) foi detida pelo Estado durante patrulhamento da Polícia Militar.

Entre as mulheres, 35% foram denunciadas por anônimos através de serviços como o Disque-Denúncia e 10,9% acabaram flagradas enquanto faziam visita a familiares ou companheiros a unidades penais portanto drogas com si.

Os dados mostram que 75,6% dos detidos por tráfico averiguados pelo NEV são jovens, o que comprova a preferência de traficantes por mão de obra adolescente nos pontos de venda. Segundo a Fundação Casa, 42% dos cerca de 8.300 internos de suas unidades cumprem medida socioeducativa por esse tipo de crime.




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