Três jogos na Copa das Confederações e três gols marcados. E não foram tentos quaisquer, mas decisivos. Neymar abriu caminho para as vitórias sobre México e Japão, enquanto contra a Itália fez um golaço de falta em momento delicado da partida. Em franca ascensão, o agora jogador do Barcelona arrancou elogios do técnico Luiz Felipe Scolari. Agora, o Brasil – líder do Grupo A – torce por atuação semelhante na semifinal diante do Uruguai – segundo do Grupo B –, às 16h de quarta-feira, no Mineirão, em Belo Horizonte.

“O Neymar é um ídolo do povo brasileiro e de todos nós, que gostamos de genialidade. Na falta, ele nota um passo do Buffon (goleiro italiano) para a direita e cobra no canto. Só quem pode ser chamado de gênio faz a diferença”, elogiou Felipão.

Eleito o melhor em campo nos três jogos desta Copa das Confederações, o atacante atendeu rapidamente à imprensa após o jogo contra os italianos. Com repostas curtas, como de costume, comemorou o bom momento. “Estou feliz por ajudar a Seleção Brasileira, seja com gol ou passe”, disse. Sobre os inícios alucinantes de partida que a Seleção vem desenvolvendo, sufocando os adversários nos minutos iniciais, Neymar pediu sequência ao comportamento. “Vem sendo bom e precisamos manter para as próximas partidas.”

O ataque brasileiro, apesar de jogadores com diferentes estilos, características e sobretudo porte físico – basta olhar para Neymar, Hulk e Fred –, tem conseguido efetuar grandes jogadas, com toque de bola envolvente, que fez diante da Itália o zagueiro Bonucci ficar completamente perdido.

“A gente vem se movimentando bem. Trocamos de posição e deixamos o adversário meio maluco. Eu, Oscar, Fred, Hulk e Marcelo mudamos muito de posição e facilita para a gente”, explicou o camisa dez da Seleção.

MÁ FAMA

Até pouco tempo, Neymar e o chão pareciam companheiros inseparáveis. Qualquer esbarrão do adversário o levava ao solo. Hoje, no entanto, o craque não só suporta as pancadas, como também chega firme. Tanto que foi substituído contra a Itália para não ser expulso.

Ele saiu porque fez outra falta no meio de campo e a gente não sabe o que o juiz vai pensar numa falta futura”, justificou Felipão, que defendeu o atleta da insinuação de um jornalista. “Ele não revida, não.”
O jogador, por sua vez falou em rigor do árbitro. “Fiz algumas faltas, mas outras não foram. Faz parte”, disse.

Paulinho volta e deixa transferência para depois

Uma notícia pegou muita gente de surpresa anteontem, antes da partida entre Itália e Brasil, na Arena Fonte Nova: a aprovação do Corinthians à proposta do Tottenham (Inglaterra) de 20 milhões de euros (R$ 59 milhões) pelo volante Paulinho, que está com a Seleção Brasileira. Recuperando-se de entorse no tornozelo direito, o jogador não foi a campo em Salvador. No entanto, após a partida, teve de atender a um batalhão de repórteres que queriam saber sobre a saída do Timão. Mas ele tratou de deixar qualquer tipo de decisão para depois.

“Não está fechado. Proposta houve, chegou para o Corinthians, mas falei para meu empresário que depois da Copa das Confederações iria estudar, assim como fiz com a proposta da Inter de Milão (Itália)”, explicou o volante corintiano.

Na insistência dos jornalistas por respostas, tentando tirar qualquer tipo de afirmação ou confirmação do jogador, Paulinho foi categórico. “Se (a proposta) agradou ou não ao Corinthians, não me importa. Chegou realmente, mas quando acabar a competição vou analisar e pensar, sim”, afirmou. “O futebol inglês é muito interessante, no qual muitos jogadores de qualidade atuam e gostam”, emendou o volante, que jogaria ao lado de Sandro, ex-Internacional, no meio campo do Tottenham.

Mas antes de pensar em Corinthians e na possível transferência ao clube da Inglaterra, Paulinho só pensa na Seleção Brasileira e está ansioso por recuperar a posição no time de Luiz Felipe Scolari. Após a partida, o médico José Luis Runco afirmou que o jogador está em fase final de recuperação e deve estar à disposição do comandante na semifinal de quarta-feira, em Belo Horizonte, no Mineirão.

“O jogador fez tratamento e não sente mais dores. Vai poder jogar”, afirmou o médico. “Estou me recuperando e, se Deus quiser, quarta-feira estarei à disposição”, projetou Paulinho. Se não tiver melhora em suas dores no tornozelo, Felipão pode seguir com Hernanes no time titular. E o substituto ganhou elogios do corintiano. “Ele foi bem”, resumiu. DB

Treinador admite saída após a Copa

Luiz Felipe Scolari tem a cara da Seleção Brasileira. Após passagem conturbada pelo Palmeiras, reassumiu a esquadra nacional que parecia sem rumo e, aos poucos, foi arrumando a rota. Mas o comandante já admite que vai deixar o cargo, mais provavelmente após a Copa do Mundo de 2014. E ele tem planos para seu futuro, mais exatamente para o Mundial de 2018, a ser realizado em território russo.

“Provavelmente estarei na Rússia treinando alguém...”, disse inicialmente, em meio a outro raciocínio, passando meio desapercebido. Pouco depois, porém, confirmou: “Em 2018 estarei em outra seleção, pode ter certeza.”

Num futuro ainda mais distante, não se manifesta com certeza sobre voltar à Seleção. Mas se o fizer, não será como Carlos Parreira, atual coordenador. “O Parreira é muito legal e não consigo ser assim. Eu xingo... o Parreira é muito educado, correto. Não vai dar. Ou serei técnico para chutar ou balde, ou vou para minha casa”, divertiu-se.

PAIZÃO

Se em 2002, na conquista do pentacampeonato, Felipão ganhou fama por ter montado uma família, desta vez o treinador tem papel de um pai para a renovada equipe. Tanto que vem lidando com diversas situações novas. “Esta Seleção é diferente, mais jovem. Hoje tem toda essa parafernalha (eletrônica), difícil controlar. São 500 procuradores, pessoas envolvidas em comerciais, marketing, jogando no Brasil, horrível para abrir o treino, sair na rua, ir à praia. Difícil manobrar essa Seleção. Mas são jovens que realmente querem algo a mais e fica muito fácil trabalhar”, afirmou.