Esportes Titulo Pré-jogo
Entorno do Castelão vive cenas de guerra
Por Anderson Fattori
Enviado a Fortaleza
20/06/2013 | 07:00
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Se dentro de campo o Brasil deu show, nos arredores do Estádio Castelão, em Fortaleza, policiais e manifestantes trocaram agressões durante a tarde inteira de ontem. De um lado, populares revoltados pelo investimento na Copa das Confederações, contra o Batalhão de Choque da Polícia Militar, que tinha ordem expressa do governo federal para impedir que os manifestantes chegassem próximos à entrada da arena.

Para cumprir a determinação, desde cedo os policiais prepararam cordão de isolamento a cerca de três quilômetros do Castelão, na Avenida Alberto Craveiro, principal via de acesso ao estádio. Os manifestantes se reuniram a cerca de 300 metros e esperaram por mais pessoas até ao meio-dia. Com o intuito de chegar ao estádio, avançaram e entraram em conflito com os policiais.

Com cerca de 25 mil pessoas, os manifestantes conseguiram romper o primeiro cordão de isolamento, mas não passaram pela Cavalaria da Polícia Militar. Percebendo a situação complicada, os policiais usaram bomba de gás lacrimogênio, atiraram balas de borracha, além de utilizar spray de pimenta para afastar os manifestantes.

Segundo a Polícia Militar, oito soldados ficaram feridos no combate, incluindo o coronel João Batista, comandante da operação, que tinha bandagem no braço. “Nós viemos sem armas letais. Não queríamos confronto, mas a partir do momento em que começaram a tacar pedras e paus para cima da gente, tivemos que usar bombas para dispersar a multidão”, explicou João Batista.

Além de manifestantes, os tiros dos policiais acertaram profissionais da imprensa e torcedores que chegavam para assistir ao confronto entre Brasil e México. Como não tinham muitas alternativas, as pessoas tentavam se infiltrar no confronto e acabaram atingidas.

Facilitou a confusão as obras inacabadas do entorno do Castelão. Próximo ao tumulto tinham tijolos aos montes, usados pela população para atingir os policiais. Tapumes que cobriam as obras foram usados como escudos.

GOVERNADOR APOIA

À noite, após o jogo do Brasil, o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), avaliou como legítima a atitude da Polícia Militar. “A prioridade era o espaço do jogo, garantir o acesso de 70 mil espectadores e dos ônibus das seleções. Vi muitas imagens pela televisão, tinham três bloqueios, sendo que o primeiro era mais flexível. Se passasse pelo segundo, tinha o terceiro. Nesse terceiro, houve algum excesso por parte dos manifestantes. Infelizmente, houve uma minoria que tentou enfrentar os policiais”, lamentou.

Contente com o resultado da partida, o governador chegou ironizar a situação. “Importante é que houve a manifestação e, mesmo assim, o Brasil ganhou”, brincou Cid Gomes. “Respeito quem acha que não deveria mexer no Castelão, mas a maioria da população do Ceará queria o estádio (reformado)", completou.

NO ESTÁDIO

Foram poucos os protestos dentro do Castelão. Minoria virou as costas para o campo na hora do Hino Nacional e os manifestantes optaram por levar cartazes para se fazer ouvir. A maior parte pedia o mesmo padrão aplicado ao estádio na Educação, Saúde e transporte público, eleitos pelos manifestantes os principais problemas de Fortaleza.

Um dos torcedores que mantinha um desses cartazes era Murilo Mello, 23 anos, que participou do protesto e depois correu para o estádio para acompanhar a partida. “Foi complicado, queremos mostrar que não estamos satisfeitos com tudo o que está ocorrendo na política da nossa cidade, mas os policiais foram precipitados e começaram a atirar”, lamentou. “Não precisava nada disso, queríamos um ato pacífico”, completou. (das Agências)

Cearenses voltam para casa ao ver acesso bloqueado

A Fifa anunciou que todos os 55.938 ingressos para o jogo entre Brasil e México tinham sido vendidos, mas alguns clarões puderam ser observados nas arquibancadas do Castelão. O motivo: ao menos 5.000 pessoas – o público no estádio foi de 50.791 – não conseguiram chegar ao local por conta da manifestações e outras desistiram na metade do caminho, ao serem atingidas por spray de pimenta.

Mulheres e crianças, que se depararam com a situação, acharam melhor voltar para casa ao tentar passar pela barreira policial para ter acesso ao Castelão.

Algumas que se arriscaram admitiram que tiveram sorte. “Vi que tinham muito policiais barrando a passagem. Expliquei a situação, que era o único local que poderia ir para o estádio, e passei, mas dei sorte porque logo depois houve o confronto”, ressaltou a torcedora Monique Bernades.

Torcida assiste jogo em telão e curte shows em Iracema 

O clima tenso do Castelão não atrapalhou as festividades programadas pela prefeitura de Fortaleza para a praia de Iracema, um dos cartões postais da cidade. Milhares de pessoas foram ao local para acompanhar o jogo e também os show programados com artistas renomados e outros locais.

Entre as atrações, estavam o cantor Fagner, o mais esperado, além das bandas Aviões do Forró, Toca do Vale e o sanfoneiro Dorgival Dantas.

A segurança no local foi reforçada após os protestos da tarde. Os participantes eram revistados antes de entrar no local de show e até o fim da noite não havia sido registrada ocorrência policial. O espaço, tradicional ponto de encontro da cidade, vai funcionar até o término da Copa das Confederações, no dia 30.




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