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I want you: americano apaixonado pelo futebol
Alec Duarte
Da AS/Especial para o Diário OnLine
De Montevidéu
01/07/2001 | 14:20
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Steve Shapiro tinha 25 anos quando conheceu o futebol de verdade. Era 1970 e quem quisesse ver os jogos da Copa do Mundo do México, mesmo à distância, tinha de pagar entrada. “Íamos ao Madison Square Garden, como se fosse um cinema, ver cada rodada do mundial num telão”, conta o exótico norte-americano. É que hoje, 31 anos depois, ele viaja o mundo para ver ao vivo, não numa grande tela branca, os principais jogos do futebol mundial.

Estranho hábito para um norte-americano. Mas Shapiro, nascido em New Jersey, tem outro motivo para preferir nosso futebol ao deles: cresceu ao lado do Giants Stadium, a arena esportiva que presenciou o final da carreira de Pelé, em 1976. O Rei do Futebol jogou duas temporadas no Cosmos, uma equipe lendária que temporariamente tornou os EUA o endereço número um do esporte.

Tudo aquilo acabou, mas a paixão de Shapiro permaneceu. Como agente de turismo, ele aproveitou as facilidades que sua profissão oferece para dedicar duas semanas de férias por ano a um lazer que qualquer cidadão do mundo adoraria: assistir a jogos importantes mundo afora. É por isso que estava ontem no Estádio Centenário, em Montevidéu.

Este ano, as férias de Steve terão, além de Montevidéu, Buenos Aires como escala. Em setembro, ele vê o esperado Argentina x Brasil pelas eliminatórias. “É o jogo dos meus sonhos. Depois dele, só falta mesmo assistir a um Barcelona x Real Madrid no Nou Camp”, conta o norte-americano, que já esteve dez vezes no Brasil e viu partidas como São Paulo x Corinthians e Flamengo x Fluminense.

“Não entendo muito da tática e da estratégia do jogo. Gosto mesmo é da participação do público”, explica. É por isso que ele adora ir à Argentina, terra onde o torcedor se expressa da forma mais criativa do planeta. Shapiro se lembra das atuações do uruguaio Enzo Francescoli no River Plate e também destaca Romário, a quem viu destruir a Celeste Olímpica no jogo do Maracanã em 1993.

Desta vez, no Sheraton, o turista-torcedor se vangloriava de ter pego o mesmo elevador de Romário. Depois de paradas em dois andares, já eram sete os jogadores da Seleção Brasileira no elevador. E Steve pediu o autógrafo de Romário. Irreverente, o craque desenhou um rabisco acompanhado de uma sorridente cara redonda. “É esse o autógrafo do Romário ou foi apenas uma brincadeira?”, indaga nosso personagem.

Era uma brincadeira, mas pouco importa. Há outras piores. Bem-informado, Shapiro sabe que tem de detestar uma pessoa no futebol brasileiro: Eurico Miranda. Mas o motivo é mais egoísta. “Uma vez, comprei ingressos para um Flamengo x Vasco e vim para o Rio, mas o Miranda mudou a data do jogo um dia antes. Perdi a viagem”, recita, entristecido.

O norte-americano, que fala com orgulho de sua seleção nacional - admite que ela nunca será top, mas propagandeia que a equipe a cada dia joga melhor -, acreditava numa vitória da Seleção Brasileira por 3 a 1. Mas o resultado, enfim, pouco importou. Como torcedor de futebol, Steve Shapiro sempre sai ganhando.




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