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PT enfrenta escassez de simpatizantes na região
Por Sergio Kapustan
Do Diário do Grande ABC
31/07/2005 | 08:03
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Cultuado principalmente por jovens, estudantes, trabalhadores e intelectuais, que lotavam salas para discutir política e participar de atividades culturais, o Partido dos Trabalhadores, 25 anos depois de sua fundação, já não é o mesmo. Enfrentando denúncias de corrupção no governo Lula, que causaram a queda dos principais dirigentes nacionais, a legenda enfrenta no Grande ABC a "escassez de simpatizantes". Em vez de simpatizantes, quem procura os diretórios regionais agora é apenas militante, que ainda cumpre agenda partidária, como reuniões e seminários.

Com mais de quatro mil filiados, o PT de São Bernardo construiu em regime de mutirão a sede de dois pisos em 1984, na Vila Scopel, a primeira na história do partido, com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Hoje, pode-se dizer que vive às moscas, reflexo do esvaziamento provocado após as denúncias de corrupção por todo o país. De acordo com o presidente José Albino, o local é ponto de reuniões do diretório, de núcleos de bairro e de secretarias do partido. Gente de fora é coisa rara por lá. "É uma vida normal de partido, exceto no período de campanha", afirma o dirigente.

O diretório de São Bernardo é o único que tem uma loja planejada para vender souvenirs do partido. Exibindo na parede um enorme pôster da campanha que conduziu Lula à presidência, a lojinha, atualmente, vive praticamente fechada, com raro movimento. O aposentado Sidnei Policarpo, 66 anos, que freqüenta a sede diariamente, diz que, apesar da pouca freqüência, faz questão de ir até a sede todos os dias para trabalhar voluntariamente na organização do partido.

O PT de Diadema ocupa ampla casa na avenida Piraporinha, próximo ao terminal de ônibus. A localização facilita o acesso de militantes. O diretório tem cinco mil filiados e forte ligação com movimentos populares. A entrada da casa é decorada com jornais e revistas do partido e ao fundo dois funcionários fazem a recepção e encaminhamento dos visitantes. Petista de carteirinha, o atendente Marco Antonio de Oliveira diz que o movimento se resume em atender a militantes. "O movimento aqui é praticamente com o militante, que procura saber das datas de reuniões e se informar sobre a eleição do diretório municipal (programada para o dia 18 de setembro).

Dizendo-se militante histórico, o estudante Denilson de Lima vai ao diretório de Diadema cuidar do acervo do partido. Ele diz que sua rotina é dar uma "passadinha" no partido diariamente. "Aqui é lugar tranqüilo para a gente conversar. A situação fica mais complicada em época de campanha quando é um entra-e-sai", afirma Lima.

No diretório de Santo André, que tem 2,6 mil filiados, a presidente Cristina Petcholl diz que as denúncias de corrupção abalaram a opinião e refletiram no partido. "Há uma clima de decepção com algumas figuras do PT, não com a totalidade do partido, que espero que passe logo com a apuração das denúncias. Colocar todo mundo no mesmo saco é muito ruim", afirma a dirigente.

O clima de apatia também se reflete em São Caetano, Mauá, Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires. Ocupando uma casa na rua Espírito Santo, o PT de São Caetano emendou o feriado em comemoração aos 128 anos da cidade, na quinta-feira. "Expediente aqui é só na segunda-feira", diz o atendente Marcos Eduardo Meirelles. O funcionário justifica as portas fechadas por causa do ponto facultativo decretado na cidade. "Como a freqüência de militante é muito baixa, cinco pessoas por dia no máximo, o melhor é fechar", completa Oliveira.

Em Ribeirão Pires e Mauá, além das dificuldades políticas que mancham a imagem do partido, o partido decidiu cortar despesas. Em Ribeirão Pires, o partido abre ao público no meio da tarde porque o único funcionário contratado foi despedido. "A direção está se revezando para atender o nosso militante", afirma o presidente Mário Nunes. Em Rio Grande da Serra, o partido abre as portas só para militantes. Uma petista diz que "gente de fora no diretório é só convidado". "Há uma clima de tristeza principalmente no PT", justifica o presidente municipal, João Batista de Souza.




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