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Em 4 meses, Samuel Dias simbolizou acessibilidade

Pedetista de Sto.André morreu em maio, mas registrou aval a projeto na área de atuação pós-óbito

Por Fabio MartinsDo Diário do Grande ABC
11/07/2021 | 07:00
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Celso Luiz/ DGABC


Foram pouco mais de quatro meses efetivos no mandato de vereador de Santo André, cargo para o qual foi eleito pela primeira vez na eleição do ano passado, mas o breve período na Câmara do parlamentar Samuel Dias (PDT), que era cadeirante, foi suficiente para mostrar que a função serviria para mergulhar entre suas principais bandeiras na questão da acessibilidade, a saber pelo teor das propostas protocoladas no Legislativo. O pedetista morreu em maio, aos 55 anos, em decorrência de um AVC (Acidente Vascular Cerebral) hemorrágico sofrido em 14 de abril.

Oito dias antes do inesperado AVC, Samuel registrou projeto de lei de número 59/2021, que visa acrescentar às praças públicas, parques e outros locais públicos aparelhos que possibilitem aos cidadãos com deficiência física a prática esportiva. Em homenagem ao ex-colega de casa, os vereadores deram aval definitivo à proposta nas sessões derradeiras, no fim de junho, antes do recesso parlamentar. A aprovação póstuma, de forma unânime, ocorreu mesmo sob parecer da assessoria jurídica da Câmara pela ilegalidade e inconstitucionalidade da matéria, tendo em vista considerar que o conteúdo se tratae de atribuição do Executivo. O texto seguiu para sanção ou não do prefeito Paulo Serra (PSDB).

“Considerando que a propositura em questão pretende que os novos projetos de parques, praças e outros locais públicos apropriados na cidade, a serem realizados por meio de convênio com o Poder Executivo do município, passem a contar com aparelhos que possibilitem academia ao ar livre dotada de acessibilidade para a prática de exercícios físicos adaptados para pessoas com deficiência física, disponibilizados para todas as idades”, argumenta trecho da proposta.

Samuel vivia havia 27 anos numa cadeira de rodas, por causa de acidente sofrido em 1994. Na ocasião, ele e amigos fretaram ônibus para viagem ao Paraguai e no percurso de volta o veículo bateu de frente com uma carreta. Ficou gravemente ferido, e sem mexer do pescoço para baixo, na oportunidade. Após quase três anos de recuperação – chegando a movimentar pescoço e mãos –, passou a frequentar de forma assídua o Flamenguinho, clube de várzea da cidade, na região do Jardim Alzira Franco, e que, posteriormente, presidiu por 24 anos. Em 2020, em sua estreia nas urnas, obteve 2.635 votos, desbancando figurões da política.

Em entrevista ao Diário, ainda em dezembro, antes de assumir o mandato, Samuel atribuiu sua vitória à “mão divina”, bem como falou da bandeira sobre acessibilidade. “Pretendo agir, por exemplo, para que tenhamos uma oficina de cadeira de rodas na cidade. Não há fábrica de conserto, atualmente, no Grande ABC. Quero também mapear praças e parques sobre acesso a atividades físicas”, disse, à época. Lembrou da promessa do prefeito para reforma e gramado sintético no Flamenguinho. Depois do óbito, foi documentada sugestão ao tucano pela mudança de nome do clube e se chame Samuel Dias Figueira.

O PDT ocupa o comando da secretaria municipal da Pessoa com Deficiência (Ivo de Lima é o secretário). Outro projeto de Samuel, similar, em trâmite no Legislativo, de número 60/2021, trata da instalação de equipamentos adaptados, fixos, para crianças com deficiência física, em parques e praças públicas. 




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