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Os novos italianos de São Bernardo rumo ao ano 1960

Eles são os novos italianos, esses moços elegantes que posam nas escadarias da Matriz da Boa Viagem, em São Bernardo

Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
11/07/2010 | 00:00
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Eles são os novos italianos, esses moços elegantes que posam nas escadarias da Matriz da Boa Viagem, em São Bernardo. Anos atrás falamos deles. Voltamos ao tema para destacar, justamente, esta foto da escadaria da igreja que trazem representantes das famílias que a cidade acolheu a partir de 1952. Uma foto de Giordano Zanon que não conhecíamos.

O primeiro grupo era formado por seis famílias: Piva, Marin, Urbino, Fiorin, Marangoni e Lazzarin. Logo chegaram as demais, para testemunhar a vinda da indústria automobilística a São Bernardo - o parque automobilístico local tinha apenas a Simca e a Brasmotor.

As seis famílias deixaram Caemo, na comuna de Adria, da Província de Rovigo, no Vêneto, de trem. Cruzaram todo o Norte da Itália em direção ao Porto de Gênova, de onde partiram em 8 de julho de 1952. Desembarcaram em Santos em 29 de julho e dali foram enviadas para a Fazenda Caldeira, em Pirajuí, para colher café. Não se acostumaram.

Em menos de 20 dias as duas primeiras famílias - Piva e Lazzarin - já estavam em São Bernardo. E imediatamente chamaram as demais, que foram chegando e sendo recepcionadas por uma colônia italiana sedimentada desde a criação do núcleo colonial de 1877. E encontraram os padres Fiorente, Celotto e Equini por aqui.

Estavam em casa. Era possível comprar à caderneta no açougue de Alfredo Bechelli e nas vendas da senhora Sabatini e do Piato da Vila Baeta. "Todos nos ajudaram muito", reconhece Anna Piva.

Hoje destacamos a família Piva, de Livio Piva, casado com Anna Marin. Todos conseguiram empregar-se rapidamente, e a simples descrição dos nomes das empresas permite entender o que era a cidade naquele início dos anos 1950.

Gino Piva, o patriarca, empregou-se na fábrica de móveis Vertamatti; Lino, na Amazonas Terraplenagem, em Santo André; Lina, na tecelagem Elni; Lívio, na fábrica de móveis Santana; Bruna, na tecelagem do Matarazzo; Bruno, na fábrica Francisco Curti, hoje Filtros Fran.

Lívio foi estudar desenho mecânico e projetos de ferramentas na Escola Paulo de Tarso, em Santo André. Várias vezes ele e os demais passageiros desciam para empurrar os ônibus nas ladeiras da Avenida Pereira Barreto.

Era preciso estudar, trabalhar, sobreviver. Mas ir à missa e participar da comunidade. Então formou-se um coral, o Coro São Pio X. Ou o Coro Degli Italiani di São Bernardo, dirigido pelo padre Albano. Que chegou a gravar um LP com 13 faixas. Foi em 1960. Já faz 50 anos.

Essa história terá continuidade com as lembranças de todos os demais. O próximo será Giordano Zanon.

DIÁRIO HÁ 30 ANOS

Sexta-feira, 11 de julho de 1980

Manchete - João Paulo II define as linhas de ação da Igreja no País

Santo André - Moradores do Jardim Stela reivindicam melhorias.

Primeiro Plano (Eduardo Camargo) - Pequenas e médias empresas e a Fie'sp.

Esportes - Futebol vai definir o título dos Jogos Regionais em Ribeirão Pires.

EM 11 DE JULHO DE...

1945 - Alzira Seabra de Camargo falece em São Paulo. É a patrona da Vila Alzira, em Santo André.

MUNICÍPIO PAULISTA

Andradina. Fundado em 1937. Separa-se de Valparaíso em 1938.

HOJE

Dia Mundial da População e Dia do Rondoniano.

Trabalhadores

Nascem em 11 de julho:

1897 - Sebastião Alves de Toledo. Natural de Barretos (SP). Sócio 1212 do Sindicato dos Químicos do ABC. Servente da Rhodia. Residência: Rua Coronel Fernando Prestes, 655.

1905 - Ladislau Dias Bastos. Natural de Santo André. Auxiliar de laboratório da Rhodia, Residência: Rua Correia Dias, 123.

Fonte: 1º livro geral de registros do Sindicato dos Químicos do ABC

SANTOS DO DIA

Bento, Olga e Olivério Plunket.

Na estampa, São Pio I (papa).

Crédito da estampa: acervo Vangelista Bazani (Gili) e João de Deus Martinez.

JOSEFINA LOPES LOTTO

(São Paulo, SP, 5-3-1930 - Santo André 8-7-2010

Ciclos andaluzes trazidos por pescadores e ciganos

direto à terra nova fizeram areias darem frutos

e da farinha das novas cidades

condenaram rios a morte para gerar filhos

condenados, ao invés de peixes, pão, prédios e pegadas,

a dar luz apenas às palavras ciganas da borda do campo.

Carlos Lotto

* * *

Durante 15 anos Josefina Lopes Lotto trabalhou como secretária de diretoria da Rhodia Química, em Santo André. Foi o braço direito de um antigo colaborador da indústria, José Moura. Permaneceu no emprego mesmo depois do casamento com Arthur Lotto e só saiu para cuidar dos filhos, Viviane e Carlos Loto.

"Ela era agitada e animada, a única mulher das famílias Herrera e Lotto a trabalhar depois do casamento", conta o filho Carlos.

Os pais eram espanhóis e vieram crianças para o Brasil: Luiz Lopes Herrera de Málaga, destacando-se mais tarde como funcionário do Moinho Fanucchi, em Santo André; Joana Portero natural de Almeria. Conheceram-se na Água Rasa, em São Paulo.

Josefina completou os estudos em Santo André, formando-se em secretariado pela Escola Senador Flaquer, do professor Valdemar Mattei. Conheceu Arthur Lotto numa sessão de cinema do Tangará. Apaixonado, Arthur, que foi diretor do Diário, pediu a mão de Josefina ao Sr. Herrera no hospital, quando a jovem namorada recuperava-se de uma crise de apendicite.

Josefina Lopes Loto sempre foi uma mulher para a frente. Fez cursos de música, pintura, bordado. Ganhou uma bolsa para estudar artes plásticas com o professor Euclides Rios e foi convidada a fazer curso de canto lírico.

Arthur Lotto, que sempre gostou de fotografia, reúne um material riquíssimo da mulher e família, inclusive transformado em vídeo.

Dona Josefina partiu aos 80 anos. Está sepultada no Cemitério da Saudade, em Vila Assunção. A missa de 7º dia será celebrada na próxima quarta-feira, dia 14, às 19h, na Catedral do Carmo, em Santo André.




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